Rio diz que Açores podem ter “problema” porque oitavo da lista vai entrar

Presidente do PSD recusa alterar listas às eleições europeias.

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LUSA/PAULO NOVAIS

O líder do PSD recusou nesta sexta-feira alterar a lista do partido para as europeias, “votada com 91%” no Conselho Nacional, notando que “os Açores vão ter um problema”, porque o oitavo lugar “se calhar até vai mesmo entrar”.

“Os Açores já tiveram o oitavo ou o nono lugar. Agora ofereci o oitavo. Penso que os Açores até vão ter um problema, porque, se calhar, o oitavo até vai mesmo entrar”, afirmou Rui Rio na sede distrital do Porto do PSD, quando questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de os social-democratas açorianos não participarem na campanha para as europeias.

Rio admitiu que “gostava que assim não fosse” [que o PSD Açores ficasse de fora da campanha], mas garantiu que não vai alterar a lista do PSD, “uma deliberação que teve 91% de apoio no Conselho Nacional”.

“A lista do PSD foi votada com 91% num conselho nacional que tem tido várias lutas internas. Não vamos alterar uma deliberação que teve 91% de apoio”, frisou.

Na quarta-feira, o líder do PSD/Açores, Alexandre Gaudêncio, acusou a direcção nacional do partido de dar “um papel de segunda” à estrutura, ao oferecer o oitavo lugar na lista às europeias, e admitiu que poderá não haver campanha no arquipélago.

A Comissão Política Nacional aprovou naquele dia o princípio de que, nas eleições europeias, as regiões autónomas passam a ter um lugar nos lugares eleitos no mandato anterior e outro num “lugar importante”, tendo atribuído à Madeira o sexto lugar e aos Açores o oitavo, considerado já de muito difícil eleição.

“A primeira consequência é não indicarmos ninguém, porque não aceitamos lugares de segunda”, afirmou Alexandre Gaudêncio.

O líder do PSD/Açores salientou que existia a “legítima expectativa” de a região ter um lugar elegível, quer devido à tradição existente no partido, quer pelo nome que indicaram, o antigo presidente da Assembleia da República João Bosco Mota Amaral.

“Infelizmente, esta tradição foi quebrada hoje, dissemo-lo olhos nos olhos em frente ao líder do partido e em frente de toda a direcção nacional que, a partir deste momento, irá haver consequências políticas em relação à própria campanha das europeias”, afirmou.

Questionado que consequências serão essas, Alexandre Gaudêncio disse que ainda serão discutidas internamente, mas admitiu que “provavelmente será não fazer qualquer campanha política nos Açores”.

Também na quarta-feira, o presidente do PSD anunciou a proposta da Comissão Política -- que será votada esta noite pelo Conselho Nacional -- para as europeias de 26 de maio, que será encabeçada pelo eurodeputado Paulo Rangel e terá como número dois a líder da juventude do Partido Popular Europeu, Lídia Pereira.

O PSD vai apresentar às próximas europeias uma lista paritária, que integra como número três o actual eurodeputado José Manuel Fernandes, a ex-ministra Graça Carvalho em quarto e o presidente da Câmara da Guarda, Álvaro Amaro, em quinto.

A eurodeputada Cláudia Aguiar, indicada pela Madeira, será a sexta candidata do PSD ao Parlamento Europeu, seguida, no sétimo lugar -- já considerado de eleição incerta - pelo atual eurodeputado Carlos Coelho.

Há cinco anos, o PSD concorreu às europeias em coligação com o CDS-PP e ficou em segundo lugar com 26,7% (7 eurodeputados, seis dos quais do PSD), atrás do Partido Socialista.

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