Mais árvores e coberturas verdes para testar o futuro em Campanhã

Câmara do Porto conseguiu dois financiamentos europeus para projectos na área ambiental. São mais de 1,7 milhões a investir na freguesia mais pobre da cidade.

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O Cerco é um dos bairros sociais construídos em Campanhã, a freguesia mais pobre do Porto Nelson Garrido

Nos próximos meses a população e organizações sediadas na freguesia de Campanhã vão ser convidadas a participar num processo de co-criação que resultará, até 2022, na instalação, em várias ruas da freguesia, de corredores verdes. A iniciativa financiada pelo programa Horizonte 2020, garante ao Porto 1,23 milhões para investir em soluções de base natural com impacto na coesão social de zonas desfavorecidas. E os beneficiários, garante o município, serão os habitantes de bairros sociais.

Tirando a freguesia e a opção pelos bairros sociais, nada está fechado ainda em termos de locais porque o projecto, para além do objectivo final, assenta numa metodologia que apela à co-criação por parte da população abrangida. Assim, à autarquia e ao Cibio - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto juntou-se o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, que coordenará esta componente participativa do Urbinat.

O Urbinat aponta para os efeitos dos corredores verdes na aproximação entre bairros sociais e outros espaços da cidade, para a melhoria da auto-estima das populações e, claro, para a melhoria do ambiente urbano. Segundo o vereador do Ambiente e da Inovação, o vice-presidente Filipe Araújo, a primeira reunião preparatória do projecto foi direccionada para os técnicos dos vários pelouros que serão envolvidos e a lista envolve quase tudo, desde o urbanismo à cultura, da habitação à mobilidade.

O passo seguinte passará por fazer um diagnóstico das necessidades com a ajuda dos agentes locais, a partir do qual será possível fazer os projectos de instalação e, até 2022, plantar árvores e ajardinar os espaços que venham a ser seleccionados. O objectivo, nota Filipe Araújo, transcende esta iniciativa, já que ela servirá de teste para outras, a realizar noutras áreas da cidade. O Urbinat inclui, aliás, uma fase de monitorização que decorrerá ao longo de 2023.

Bem antes disso Campanhã vai assistir ao desenvolvimento de um outro projecto ambiental, este financiado pelo Life – um programa europeu a que o município acede pela primeira vez – No âmbito da iniciativa MyBuildingisGreen,  que prevê a aplicação de soluções de base naturais em escolas e edifícios de habitação social, o município vai instalar coberturas verdes na escola do Falcão, nesta freguesia, num investimento de 542 mil euros.

Este estabelecimento é, assinala Filipe Araújo, em tudo idêntico, estruturalmente, à Escola das Flores, o que permite levar a cabo uma das componentes mais importantes deste projecto: a monitorização (e comparação) do impacto das coberturas verdes no comportamento bioclimático dos edifícios e a forma como reagem aos eventos extremos, como vagas de frio e ondas de calor.

Filipe Araújo lembra que o Porto tem estado envolvido na dinamização de coberturas verdes na cidade – apoiando, por exemplo, o projecto Quinto Alçado do Porto. E espera que o novo Plano Director Municipal possa incluir as áreas potenciais para instalação deste tipo de solução cujos efeitos benéficos no comportamento energético das casas, mas também na retenção de água da chuva, minimizando riscos de inundações em espaço urbano, são bem conhecidos.

No caso da Escola do Falcão, o projecto de execução ainda não está pronto, mas segundo o autarca ele passará pela instalação de coberturas ou paredes verdes, pela redefinição do arvoredo existente e, eventualmente, pela exploração da viabilidade de recolha de águas das chuvas para rega dos talhões da Horta Municipal da Oliveira, contígua ao edifício e que é usada pela comunidade escolar

O projecto vai ser levado a cabo com parceiros ligados aos temas da resiliência e da amenização climática, como o Cibio e o CHERG (sigla inglesa para Grupo de Investigação para o Clima, a Saúde e Ambiente, ambos da Universidade do Porto, a Agência de Energia do Porto, as empresas municipais Águas do Porto, DOMUS e GO Porto, a Associação Nacional de Coberturas Verdes e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte. O coordenador do projecto é o Conselho Superior de Investigação Científica do Estado Espanhol, e nele participam ainda o Real Jardim Botânico, a Fundação CARTIF (um centro tecnológico sediado em Valhadolid), o Município de Badajoz e a Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central.

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