Espinho interrompe circulação de comboios para instalar ponte em obra “melindrosa”

A ponte "vai devolver à cidade aquela zona de Espinho e será uma peça arquitectónica lindíssima", diz autarca.

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LUSA/LUSA

A circulação de comboios da Linha do Norte será interrompida na madrugada de domingo para se proceder em Espinho à obra “melindrosa” que instalará sobre a ferrovia uma ponte pedonal aguardada há 15 anos, revelou nesta quinta-feira a autarquia.

Com 45 metros de comprimento, a estrutura em betão, metal e madeira já está pré-montada nas proximidades da linha e será fixada na sua localização definitiva durante o fim-de-semana, para posteriormente viabilizar a circulação pedonal entre a Rua 8, a nascente dos carris, e a Alameda Maia Brenha, que acompanha a marginal da praia.

Situada no limite do concelho, na zona conhecida como “a do restaurante Cabana”, essa avenida foi transformada num beco sem saída quando em meados dos anos 2000 aí tiveram início as obras para enterramento da linha férrea. Na altura, a empreitada implicou a demolição de uma ponte rodoviária e a extinção de uma passagem de nível, o que deixou a área isolada do resto da cidade e dela separada por muros.

A ponte pedonal que irá reabilitar esse extremo da cidade surge no contexto da requalificação do canal ferroviário de Espinho, actualmente em curso, e vai envolver o que o presidente da Câmara Municipal, Joaquim Pinto Moreira, classifica de “uma operação extremamente melindrosa, devidamente articulada entre empreiteiro, Infra-estruturas de Portugal (IP) e Comboios de Portugal (CP)”.

Contactada pela Lusa, a CP confirmou que a obra se verificará num horário em que habitualmente já não há carruagens de passageiros a circular em Espinho.

A IP, por sua vez, revelou que tomou medidas para garantir que, entre as 02h00 e as 05h00 de domingo, não passarão no local “nem comboios de mercadorias nem outras carruagens que, independentemente dos seus horários habituais de circulação, pudessem estar em movimento nesse período para manobras próprias, para transporte de material ou por outras razões”.

Na manhã de sábado, explicou o autarca, o construtor começará por proceder à pré-montagem da estrutura numa área junto à linha de comboio e instalará no local uma grua com capacidade para movimentar 200 toneladas.

Depois, durante as 02h00 e as 05h00 de domingo, a ponte será instalada sobre a linha na sua posição definitiva, para o que a IP “já garantiu a interrupção do trânsito ferroviário e a desactivação das catenárias”.

A vereadora Lurdes Ganicho, que tutela o departamento de obras da autarquia, concordou que a intervenção é particularmente “delicada porque envolve operações nocturnas, o que representa sempre mais cuidados para segurança dos trabalhadores”.

Tendo em conta os ruídos e os holofotes esperados durante a montagem da estrutura, as preocupações dos moradores também estão a ser consideradas, já que, segundo a mesma vereadora, “foi pedido ao empreiteiro que informasse por carta os habitantes da zona, para eles perceberem o que irá acontecer durante o fim-de-semana e se adaptarem a eventuais incómodos”.

Uma vez concluída a montagem da nova ponte pedonal, essa manter-se-á, contudo, encerrada ao público durante alguns meses, porque, de acordo com o presidente da Câmara, “depois ainda há que fazer acabamentos e instalar os elevadores para cidadãos com mobilidade reduzida”.

Pinto Moreira pretende ver a obra concluída antes da época balnear, mas realçou que, antes disso, a zona já recuperará alguma dinâmica, uma vez que, até final de Março, se irá proceder à repavimentação da Rua 8 e à sua reabertura ao trânsito rodoviário, o que permitirá retomar a circulação na ponte sobre o rio Largo (também conhecido como ribeiro do Mocho).

As expectativas do autarca centram-se, ainda assim, na própria ponte pedonal: “Vai devolver à cidade aquela zona de Espinho e será uma peça arquitectónica lindíssima, de estética marcante, como uma autêntica obra de arte”.

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