Sintra vai demolir pavilhão abandonado do Japão na Expo-98

O pavilhão chegou a ter um investidor interessado mas, abandonado há 4 anos, será agora demolido no âmbito de um projecto de requalificação de todo o Parque da Liberdade, que contará com reabilitação arbórea e vegetal e do edificado do espaço.

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Basílio Horta assegura que reabilitação do imóvel seria demasiado dispendiosa Miguel Manso

O antigo pavilhão do Japão na Exposição Mundial de Lisboa, em 1998, cedido pela Câmara de Sintra para instalação de um centro da cultura nipónica, vai afinal ser demolido devido à inviabilidade do projecto, anunciou fonte da autarquia. O presidente da câmara, Basílio Horta (PS), disse esta quarta-feira que o antigo pavilhão do Japão na Expo 98, que se encontra muito degradado, “vai ser demolido” no âmbito de um projecto de “requalificação de todo o Parque da Liberdade”.

“Para o pavilhão do Japão havia um interessado, mas que desistiu porque é um investimento muito grande, as infra-estruturas são muito complicadas e representam um investimento enorme, por isso mais vale demolir”, explicou o autarca.

O município aprovou, em Maio de 2015, a cedência do pavilhão abandonado para a instalação de um centro cultural destinado a homenagear o mestre de judo Kiyoshi Kobayashi. O projecto - de acordo com a proposta do presidente da autarquia, então aprovada pelo executivo - visava criar um “pólo adicional de interesse turístico e cultural na vila de Sintra” e “um fórum de reflexão e debate para o desenvolvimento das relações culturais e das práticas desportivas japonesas”.

O pavilhão do Japão na Expo 98, doado ao município de Sintra, foi inaugurado neste concelho do distrito de Lisboa em Dezembro de 1999, no antigo campo de ténis do Parque da Liberdade, na Volta do Duche, mas o “teatro virtual” funcionou apenas quatro anos. O sistema de “visão mágica”, que recriava o primeiro encontro entre japoneses e portugueses através de figuras estáticas e da projecção de hologramas, avariou e os elevados custos para a reparação ditaram o desmantelamento do equipamento em 2007.

A cedência do edifício - que albergou o teatro virtual, o jardim anexo e uma arrecadação - por 20 anos, à Associação Centro Cultural Kobayashi, previa a recuperação do pavilhão, num investimento estimado de 300 mil euros, para instalar um centro cultural com restaurante e esplanada. Na reunião privada do executivo municipal de terça-feira foi aprovada uma proposta do presidente da autarquia para “a resolução” do protocolo com a associação, que concordou em devolver o imóvel, uma vez que, “até à data, não foi possível desenvolver o projecto pretendido para o local devido a vicissitudes várias”.

O autarca admitiu que, entre as dificuldades para concretizar o projecto, tenham estado “motivos financeiros e das infra-estruturas”, pela necessidade “de se levar a electricidade e o saneamento, o que é muito complicado e muito oneroso”.

“A requalificação do Parque da Liberdade tem dois eixos: a reabilitação arbórea e vegetal, que é com a Parques de Sintra-Monte da Lua, e do edificado, que é connosco. Vamos aproveitar o ringue, uma estufa grande e algumas casas para apoio dos jardineiros”, adiantou Basílio Horta. O projecto deverá ainda prever a recuperação de algumas estruturas para um equipamento de restauração, acrescentou.

A câmara ainda avaliou a reparação do sistema de “visão mágica” do pavilhão, mas um orçamento pedido pela Jetro-Organização Oficial do Comércio Externo do Japão (dadora do imóvel ao município) à empresa japonesa que instalou o teatro ascendia a 76 mil euros, enquanto uma empresa especializada portuguesa alertou que o “sistema informático de automação” estava “há muito desactualizado”.

O teatro virtual do pavilhão japonês exibido na Expo 98, com duração de oito minutos, mostrava a maqueta de uma aldeia piscatória onde, segundo a narrativa do missionário jesuíta Luís Fróis, terá ocorrido o primeiro encontro entre o Japão e o Ocidente.

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