Jerónimo quer continuar a “andar para a frente” e “até ao limite” das suas forças

Secretário-geral comunista diz que a questão da sua sucessão "não está posta" e que continuará a aceitar essa responsabilidade até ao limite das suas forças.

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Jerónimo de Sousa na Associação 25 de Abril LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O líder comunista manifestou esta terça-feira o desejo de continuar a “andar para a frente” em termos de reposição de rendimentos e direitos, acrescentando que vai continuar no cargo de secretário-geral do PCP “até ao limite” das suas forças.

Num almoço-debate na sede da Associação 25 de Abril, em Lisboa, Jerónimo de Sousa foi desafiado pelo presidente daquela organização, o coronel Vasco Lourenço, a contribuir para manter a actual solução que viabilizou o Governo minoritário do PS, a denominada “geringonça”, com acordos parlamentares entre PS, BE, PCP e PEV.

“Funcionou. Não tão bem como cada um de nós gostaria, mas muito melhor do que a solução anterior [governo PSD/CDS-PP]. A minha esperança é a de que se criem condições para que, depois das eleições legislativas de Outubro, haja uma solução do mesmo tipo. O país tem ganho mais do que tem perdido”, afirmou o “capitão de Abril”.

Sobre a reedição da “geringonça”, o líder do PCP sublinhou que “falta ver o desenho e a relação de forças que a nova Assembleia da República vai ter”, depois das eleições legislativas de 6 de Outubro.

“Chegámos aqui e não podemos andar para trás. Andar para a frente é preciso. Podemos fazer profecias, palpites, mas será que iremos ter de recuar outra vez por imposições estrangeiras ou poderemos avançar? Mantemos os compromissos que assumimos, designadamente com o PS. O PS foi mais longe que o próprio PS pensava ir”, disse, referindo-se aos avanços alcançados quando comparados com o próprio programa de Governo dos socialistas.

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Jerónimo de Sousa recusou a ideia de que o PCP incitou o PS a formar o actual executivo por se tratar de um “mal menor”.

“Nunca considerámos a questão de ser maior ou menor. Primeiro, era preciso afastar o Governo PSD/CDS. Conhecíamos bem o PS e seus conteúdos programáticos. Era preciso repor rendimentos e direitos. Além disso, permitiu outra coisa: repor a esperança em muitos portugueses”, descreveu, sublinhando a “grande flexibilidade táctica e grande determinação estratégica” do PCP.

Para o secretário-geral comunista, “ficou muita coisa por fazer” e há “problemas estruturantes da sociedade que continuam por resolver”.

“Houve avanços, fez-se justiça, mas, por imposição estrangeira, designadamente da União Europeia, temos atrofiamentos e dificuldades que têm de ser resolvidos e ultrapassados”, frisou.

Jornais de palpite

Sobre a sua continuidade no cargo de líder do PCP, Jerónimo de Sousa, manifestou preocupação por existirem “alguns jornais ditos de referência que começam a ser jornais de palpite”.

“Quero descansar quem possa estar preocupado. A questão não está posta. Até ao limite das minhas forças, continuarei a aceitar essa responsabilidade e o apoio que os meus camaradas me dão. Desistam os apressados, cá vamos continuar a nossa luta”, afirmou, referindo que muitas pessoas que não são do seu partido lhe pedem para que permaneça, algo que “dá uma força imensa”. Em 2016, antes do congresso do PCP, a questão da sucessão de Jerónimo também foi colocada.

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