Eurodeputados portugueses querem Maduro “corrido” de “país em estado terminal"

Debate de urgência sobre a situação na Venezuela, realizado no âmbito da sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França.

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Ana Gomes Miguel Manso

Os eurodeputados portugueses Ana Gomes, Paulo Rangel e José Inácio Faria exortaram nesta terça-feira a que Nicolás Maduro seja “corrido” do poder na Venezuela, país que está “em estado terminal” devido à crise humanitária e política que atravessa.

“A Venezuela está num abismo e Maduro tem de ser rapidamente corrido pelo povo venezuelano”, afirmou Ana Gomes (PS), que intervinha num debate de urgência sobre a situação no país, realizado no âmbito da sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França.

Recordando que a Venezuela está às escuras desde a última quinta-feira - na sequência de uma avaria na central hidroeléctrica de El Guri, a principal do país, que afectou ainda dois sistemas secundários e a linha central de transmissão -, Ana Gomes notou que, “sem geradores, morrem crianças e velhos nos hospitais”.

“A pouca comida existente apodrece e o comércio, escolas, serviços e transportes estão parados”, acrescentou.

Para a eurodeputada, “nada se resolverá sem eleições livres e genuínas num horizonte de meses”, pelo que “é só uma questão de tempo”.

“Não é sustentável manter Maduro [no poder] e manter o sofrimento terrível imposto ao povo venezuelano”, adiantou Ana Gomes, frisando que “a UE tem de ser clara nisto”.

Segundo o eurodeputado Paulo Rangel (PSD), “a situação na Venezuela é uma situação de urgência e de emergência”.

“Com a falha de electricidade tornou-se mais clara a situação de miséria e de fome e até de urgência pela água, de praticamente encerramento dos hospitais”, elencou.

E vincou: “Hoje o problema da Venezuela já não é só um problema de ditadura ou de democracia, é um problema de vida ou de morte, de urgência humanitária”.

Considerando que a UE “demorou muito tempo a reconhecer que Maduro é um ditador e que agora está a ser, em certo sentido, um verdadeiro homicida para com o seu povo”, Paulo Rangel salientou a necessidade de “destituir Maduro”.

Já o eurodeputado José Inácio Faria, eleito pelo MPT, observou que, “num país em estado terminal como a Venezuela, um apagão tem consequências extremas”.

“Os supermercados, muito deles propriedade de portugueses, são saqueados, e os prejuízos só não só maiores porque resta pouco para vender”, acrescentou.

Para José Inácio Faria, “o colapso do sistema eléctrico é resultado de anos de corrupção e de incompetência”.

“Afirmar, como Maduro, que a precariedade da infraestrutura eléctrica nacional é resultado de sabotagem informática internacional é uma falácia”, salientou, defendendo a aplicação de sanções da UE.

Visão diferente manifestou João Pimenta Lopes (CDU), que afirmou que “a credibilidade dos debates sobre a Venezuela neste parlamento esvaiu-se, se é que alguma vez a teve”.

Para o comunista, os restantes eurodeputados “mentem descaradamente” sobre a situação naquele país, desde logo ao “atribuir ao legítimo governo da Venezuela a responsabilidade do que sabemos ter sido uma sabotagem terrorista do sistema eléctrico”.

“Vocês não querem nem o diálogo nem a paz. [...] Os senhores espezinham o direito internacional e o princípio da ingerência, procuram incendiar o país”, acusou ainda João Pimenta Lopes, vincando que “o povo venezuelano, mobilizado nas ruas, mantém-se firme e resistente, sem abdicar da sua independência”.

O debate surgiu numa altura de crise política na Venezuela, que se agravou desde o passado dia 23 de Janeiro, quando Juan Guaidó se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

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