Milhares de pessoas manifestam-se em Moscovo contra restrições à Internet

O Governo russo tem vinto a apertar a legislação sobre a Internet em nome da segurança e soberania.

A manifestação juntou milhares de pessoas em Moscovo
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A manifestação juntou milhares de pessoas em Moscovo SHAMIL ZHUMATOV/Reuters
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Milhares de pessoas manifestaram-se neste domingo em Moscovo contra as restrições à Internet anunciadas pelo Governo do Presidente Vladimir Putin. São os maiores protestos em anos na capital da Rússia, diz a agência Reuters.

Os manifestantes gritaram palavras de ordem contra o apertar do controlo do Estado sobre a Internet - por exemplo “Salvem a Rússia, salvem a Internet” e “Putin mente”. O mote do protesto foi “Putin.Net”, um trocadilho com a palavra “niet” que significa não.

Em Fevereiro, os deputados reforçaram as medidas já existentes na legislação para que haja um controlo mais apertado e justificaram a decisão com a necessidade de impedir que outros países interfiram com os assuntos internos russos.

Porém, alguns órgãos de comunicação social russos disseram que a medida ergue uma “cortina de ferro” que dificulta o acesso online e os críticos do Governo denunciaram a decisão como uma forma de sufocar os dissidentes.

Os manifestantes concentraram-se na Prospekt Sakharova, onde houve discursos e novas palavras de ordem: “Tirem as mãos da Internet” e “Não ao isolamento”. O protesto juntou 15,300 pessoas, segundo a White Counter, uma organização não governamental com membros na manifestação. A polícia disse que foram seis mil.

“Se não fizermos nada, isto vai piorar. As autoridades vão continuar neste caminho até chegarmos ao ponto de não retorno”, disse Dmitri, de 28 anos, que não quis revelar o apelido.

A oposição disse que a polícia deteve 15 manifestantes e que confiscou bandeiras e cartazes. A polícia não anunciou qualquer detenção.

Realizaram-se também protestos em Voronezh e Khabarovsk, no extremo oriente russo. Em São Petersburgo juntaram-se alguns manifestantes que, ao contrário dos restantes, não tinham autorização para realizar o protesto.

A Rússia tem vindo a restringir o acesso à Internet bloqueando alguns sites e serviços de mensagens como os Telegram.

A lei aprovada em Fevereiro - deve ser ainda debatida mais duas vezes - pretende identificar o tráfico na web e os dados que ali circulam, fazendo-os passar por um controlo estatal para que a Internet continue a funcionar no país.

A segunda avaliação da lei no parlamento está prevista para este mês de Março. Se voltar a ser aprovada, segue para a câmara alta da Assembleia Federal (o Conselho da Federação). Se for aprovada aqui, segue para Putin a ratificar.

Esta legislação é parte de um pacote maior destinado a aumentar e proteger a “soberania” russa na Internet. Parte dele já foi aprovado e os motores de busca já têm que apagar alguns conteúdos, os serviços de mensagem têm que partilhar com os serviços de segurança chaves de encriptação e as redes sociais têm que armazenar os dados pessoais dos utilizadores em servidores apenas no país.

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