Portugal tem uma das maiores desigualdades salariais entre géneros

Homens ganham mais 22,1% mais do que as mulheres, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho. Só Chile e Estónia têm piores indicadores.

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Miguel Manso

Apenas no Chile e na Estónia, a diferença salarial entre homens e mulheres é superior à registada em Portugal, revela um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) publicado esta quinta-feira. O documento sublinha que, a nível global, as desigualdades salariais entre géneros não diminuíram de maneira significativa durante as últimas três décadas.

O relatório “Um salto quântico para a igualdade de género: por um melhor futuro no trabalho para todos”, divulgado online pela OIT, em Portugal os homens ganham em média mais 22,1% dos que as mulheres. Na Estónia, essa desigualdade atinge os 25,7% e no Chile 23,7%. São os únicos países que têm indicadores piores do que os nacionais. Na Polónia, a diferença salarial também está acima dos 20%.

O indicador usado mede o desajustamento salarial entre homens e mulheres em salários pagos por hora. É uma fórmula nova usada pela OIT. Na lista em que Portugal aparece entre os países com maiores desigualdades salariais só surgem as economias mais ricas. Ou seja, são apresentados dados de 27 países.

Os salários de homens e mulheres são mais próximos na Bélgica, Luxemburgo, Holanda e Suíça, de acordo com a OIT.

Na análise global que é apresentada neste relatório, aquela organização internacional aponta que a diminuição das desigualdades de género “estagnou e, em alguns casos, regrediu” nos últimos anos. Os indicadores sobre desigualdades de género no mercado de trabalho “não melhoraram de forma significativa" nas últimas décadas. 

“A menos que a trajectória actual seja modificada e sejam tomadas decisões políticas que coloquem a igualdade de género no centro das preocupações, é provável que a situação se deteriore ainda mais à medida que o trabalho se torna mais fragmentado”, avisa a OIT no relatório.

Em 2018, 1,3 mil milhões de mulheres estavam empregadas em comparação com 2 mi milhões de homens, o que significa que ainda havia menos 700 milhões de mulheres empregadas do que homens.

As mulheres têm também maior probabilidade de estar empregadas em ocupações que são consideradas pouco qualificadas e que enfrentam piores condições de trabalho do que os homens. As mulheres também estão sub-representadas em cargos de gestão e liderança. Globalmente, apenas 27,1% dos gestores e líderes são mulheres, “um número que mudou muito pouco nos últimos 27 anos”, sublinha o documento.

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