Lisboa acolhe festival literário

O Festival da Palavra estreia a sua primeira edição na capital, a realizar-se entre os dias 8 e 11 de Março. E a palavra de ordem é "fronteira".

Foto
Nuno Ferreira Santos

Lisboa vai ser o palco da primeira edição de um festival literário promovido pela Cabine de Leitura da Praça de Londres, em colaboração com as livrarias Barata, Tigre de Papel e Leituria, e terá lugar na freguesia de Alvalade a partir desta sexta-feira, dia 8, a estender-se até ao dia 11 do presente mês. 

Na sequência de outras iniciativas, como é exemplo a Cabine de Leitura, que criou em 2014 na Praça de Londres, Carlos Moura-Carvalho decidiu avançar para a realização de um festival literário.

“Lisboa não realiza um festival literário à sua dimensão, de capital, de metrópole turística, de urbe com uma história única na Europa”, aponta. “Realizar um festival centrado numa palavra pareceu-nos ser uma opção criativa e desafiadora”. 

O Abecedário_Festival da Palavra centra-se nas várias perspectivas de uma só palavra, homenageando uma diferente todos os anos. O tema deste ano foi por Carlos considerado “de extrema actualidade” e o do próximo ano, que será anunciado durante o festival, terá a mesma preocupação. 

Assim, nesta primeira edição, estará em destaque a palavra “fronteira” e procurar-se-á explorar os seus vários sentidos: real, geográfico, natural, económico, cultural, religioso, social, tecnológico, psicológico, de pensamento, realizando uma análise da actualidade e das perspectivas face ao futuro, pelos olhos de escritores, pensadores, encenadores, realizadores, artistas plásticos, gestores culturais e músicos lusófonos, através da realização de tertúlias, cafés literários, declamações e concertos, que terão lugar em três livrarias, três bibliotecas, uma loja e três cafés de Lisboa. Destes espaços, quatro são Lojas com História.

O responsável entende que “Lisboa precisava de um festival literário diferente”. O objectivo é “promover as livrarias independentes e de rua” já em vias de extinção, afirma Carlos ao PÚBLICO, acrescentando que decidiu “realizar este festival para debater, conversar e pensar sobre um tema actual”, bem como “alertar para a situação muito complicada em que se encontram as livrarias” nos dias que correm. 

“As livrarias encontram-se genericamente numa situação difícil. Deparam-se com vários problemas, desde a lei do preço fixo, à concorrência por vezes desleal de grandes superfícies, de grandes grupos e da internet, passando pela ausência de apoios do Estado. Há problemas e poucas soluções”, alerta o fundador, que aponta este como o principal motivo para o surgimento do projecto. 

“Tendo consciência desse quadro, decidimos fazer qualquer coisa, tomar a iniciativa, agir”, refere. 

Entre as várias actividades estão uma de leitura encenada a ter lugar na Biblioteca dos Coruchéus, esta sexta-feira às 19h00. No dia seguinte, pelas 11h00, no Café Vá-Vá debate-se “O País Real” que conta com a presença de quatro convidados. Às 16h00 de domingo, também na Biblioteca Coruchéus, faz-se a leitura de cartas – Enciclopédia dos Migrantes. Já no dia 11, segunda-feira, e último dia do festival, pode assistir-se a contrabandistas de histórias na Loja Sinfonia.

Apesar de ter recebido poucos apoios, o orçamento total do festival conta com oito mil euros e foi suportado pelas Juntas de Freguesia de Arroios, Areeiro e Alvalade e pela Fundação Altice, ao passo que a Câmara Municipal de Lisboa colaborou na cedência dos espaços.

Sugerir correcção
Comentar