Calvin Klein anuncia final da moda de autor. Agora só haverá ganga e roupa interior

A marca norte-americana vai terminar a linha de passerelle e focar-se, em vez disso, na parte do negócio da ganga e roupa interior.

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REUTERS/Andrew Kelly

A Calvin Klein anunciou esta semana que vai pôr de parte a moda de autor, deixando de apresentar a linha de passerelle, segundo a Women's Wear Daily. Em vez disso, vai focar-se na ganga e roupa interior.

A linha — que antes se chamava Calvin Klein Collection — passou a ser conhecida em 2017 como 205W39NYC. Em Janeiro deste ano, a marca anunciou que iria abandonar esse rótulo, avançando que a colecção teria "um novo nome, abordagem e director criativo", de acordo com a Vogue. Agora, decidiu que será mesmo o fim da linha. Michelle Kessler-Sanders, o presidente da 205W39NYC sairá da empresa em Junho e, ao todo, cerca de 100 pessoas serão despedidas.

A decisão acontece no seguimento da saída inesperada de Raf Simons — que entrou em 2016 como director criativo da marca, vindo da Dior —, no final do ano passado. De acordo com o New York Times, que avançou na altura a notícia, a relação entre Simons e a marca ficou fragilizada depois do CEO do grupo que controla a marca (PVH) ter aparentemente culpado o criador pela descida das vendas.

A viragem para longe da passerelle vem no seguimento do percurso que a Calvin Klein tem seguido desde então. De acordo com o Business of Fashion, já no ano passado a marca afirmava que estava a repensar a sua abordagem ao mercado do luxo e a embarcar numa nova estratégia que iria garantir uma "mistura inesperada de influências" e um "passo acelerado".

Ainda que a moda de autor tenha uma importância pelo prestígio que concede à marca, o grosso dos lucros vem precisamente das categorias que se mantêm intactas: a da ganga e da roupa interior. O New York Times aponta para decisão de cortar a colecção de passerelle como o final do "efeito de aura". Ou seja, a forma como uma linha de moda consegue atrair atenção para a marca, que depois é canalizada para as vendas dos produtos mais acessíveis às massas. É um modelo muito comum entre as grandes marcas de luxo. No caso da Calvin Klein trata-se de calças de ganga e roupa interior, mas o mesmo poder-se-ia dizer dos acessórios e cosmética de marcas como Dior e Chanel.

Raf Simons apostou no crescimento da linha de moda de autor — que o próprio baptizou 205W39NY —, mas no espaço de tempo em que esteve na Calvin Klein essa aposta não se traduziu em vendas expressivas. A PVH deu-lhe controlo criativo de todos os aspectos do negócio, dos perfumes ao marketing, escreve o Business of Fashion. E no início de 2018, a marca contratou um director executivo de marketing — que ao contrário dos anteriores não tinha de dar satisfações a Simons — para corrigir o trajecto da marca.

Para já, não se sabe ao certo quais serão os próximos passos da marca, mas há quem aponte para a possibilidade da PVH tentar aplicar à Calvin Klein uma estratégia semelhante àquela que a Tommy Hilfiger — que faz parte do mesmo grupo — tem seguido, apoiada em grandes espectáculos nos desfiles semestrais e nas colaborações a nível criativo com celebridades como Gigi Hadid e, mais recentemente, Zendaya.

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