Nuno Melo exige "posição clara e cristalina" do PS sobre corrupção na UE

Eurodeputado do CDS quer que Pedro Marques condene e repudie as acções dos governos socialistas da Roménia e de Malta, à semelhança do que o seu partido fez com o partido do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.

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Nuno Melo é eurodeputado do CDS-PP LUSA/RODRIGO ANTUNES

O eurodeputado do CDS, Nuno Melo, desafiou o Partido Socialista — e em particular o seu cabeça de lista às eleições europeias, Pedro Marques —, a repudiar os governos socialistas da Roménia e de Malta; a distanciar-se das suas medidas e comportamentos que, acusou, põem em causa os valores fundadores da União Europeia e os princípios do Estado de Direito, e a exigir que sejam afastados da Internacional Socialista enquanto não corrigirem o seu rumo.

“Não basta a Pedro Marques e António Costa invocarem, quando lhes dá jeito, a Hungria e a sua pertença ao Partido Popular Europeu através do Fidesz”, atacou Melo, referindo-se ao partido do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, que integra o mesmo grupo político do CDS no Parlamento Europeu. Na semana passada, o eurodeputado português subscreveu a abertura de um processo, no seio do PPE, para avaliar o comportamento do Fidesz e a sua eventual suspensão ou expulsão da bancada parlamentar (que é a maior do hemiciclo).

“Nós invocámos as razões de princípio para agir contra o Fidesz”, sublinhou o eurodeputado. “O que queremos saber é se o PS tem a coragem de fazer a mesma coisa relativamente aos casos dos governos socialistas de Malta e da Roménia, porque em relação à corrupção as posições dos partidos não podem ser equívocas”, considerou Nuno Melo, para quem “o PS teve sempre uma relação um bocadinho equívoca com as mensagens que têm de ser claras sobre o combate à corrupção”.

“O desafio que lanço ao PS, ao seu secretário-geral mas principalmente a Pedro Marques como cabeça de lista às europeias, é que tenha uma mensagem clara contra a corrupção na União Europeia, para que diga claramente se repudia o que se está a passar na Roménia e se está disponível para exigir que enquanto não mudarem de atitude, estes partidos sejam excluídos da Internacional Socialista”, acrescentou.

Melo disse que “alguns governos socialistas da União Europeia representam neste momento o pior que se pode encontrar no nosso espaço comum”, mas classificou o caso romeno como “particularmente grave”. “Não é aceitável que na Roménia se viole ostensivamente o princípio de separação de poderes e se tente aprovar leis de amnistia para beneficiar o líder socialista, Liviu Dragnea e impedir que seja julgado e eventualmente condenado pela apropriação de 21 milhões de euros de fundos comunitários”, considerou, lembrando que Dragnea, actualmente presidente da Câmara de Deputados, foi também condenado num processo de fraude eleitoral que o impediu de ser primeiro-ministro.

O eurodeputado do CDS distinguiu e louvou a posição assumida a título pessoal pela socialista Ana Gomes, “que mais do que uma vez tomou posição contra os governos maltês e romeno, socialistas, e até contra o governo eslovaco à época socialista. Acontece que foi expulsa das listas do PS”, reparou Nuno Melo, que disse não querer estabelecer uma relação entre o combate de Ana Gomes contra a corrupção e as decisões do PS na composição das listas às europeias.

“Seria interessante perceber se em relação à Roménia e a Malta, António Costa e Pedro Marques estão disponíveis para tomarem a mesma posição que uma outra socialista que hoje não está nas listas já tomou”, observou, assinalando que “em relação ao fenómeno da corrupção o PS continua calado. É isto que está em causa”.

Depois de ler as declarações de Nuno Melo, a eurodeputada socialista esclareceu que a decisão de não se recandidatar foi sua. "É falso que tenha sido expulsa das listas do PS. Fui eu que há mais de um ano comuniquei por escrito ao secretário-geral, António Costa, que não me recandidataria ao Parlamento Europeu", corrigiu Ana Gomes. "Como defendo a limitação de mandatos, trato de a aplicar a mim mesma", justificou.

Notícia corrigida no dia 7 de Março, para acrescentar o esclarecimento da eurodeputada socialista, Ana Gomes.

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