Deputados angolanos consideram "encorajador" discurso de Marcelo no Parlamento

Durante a manhã, Marcelo Rebelo de Sousa e João Lourenço assinaram onze instrumentos de cooperação bilateral. A seguir, o Presidente português interveio no Parlamento angolano.

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Marcelo Rebelo de Sousa com homólogo angolano João Lourenço e Fernando da Piedade Dias dos Santos, presidente da Assembleia Nacional LUSA/JOAO RELVAS

Os deputados angolanos consideraram esta quarta-feira como "encorajador" e de "recomposição dos laços fraternos" o discurso do Presidente português no Parlamento, em Luanda, afirmando que reflecte o "bom momento" das actuais relações entre Angola e Portugal.

"Reflecte (o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa) o momento que os dois países estão a viver. Como foi dito pelo Presidente angolano as relações estão no pico, mas impunha-se essa visita para poder se pôr cobro a uma crispação que se viveu com os acontecimentos lá em Portugal", disse o deputado Manuel Fernandes, da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASE-CE), aludindo aos incidentes no bairro Jamaica, no Seixal.

Para o deputado daquela coligação, a segunda força da oposição angolana, que falava no final da reunião plenária solene por ocasião da visita de Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente português fez um discurso "encorajador".

Um discurso que, adiantou, "trouxe esperança, muita fé e também passou alguns recados para aquilo que devem ser os caminhos que devemos trilhar daqui para frente, no âmbito da consolidação da nossa democracia".

O Presidente português discursou na Assembleia Nacional de Angola, em Luanda, onde deixou uma mensagem sobre a construção permanente da liberdade e do pluralismo, afirmando que é um desafio que acompanha a legitimidade de cada deputado.

"O Estado de direito democrático, os direitos fundamentais, a liberdade, o pluralismo, a separação de poderes, a afirmação do primado da Constituição e da lei, na política, na economia, na sociedade, na cultura, são, para nós portugueses, como para vós angolanos, uma construção de todos os dias, difícil, penosa, mas essencial para a plena salvaguarda da dignidade da pessoa humana", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Dirigindo-se aos deputados angolanos, acrescentou: "Cada uma e cada um de vossas excelências é portador dessa legitimidade, que é, ao mesmo tempo, um desafio".

Para o presidente do grupo parlamentar do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, Américo Kuononoca, a amizade, gratidão, fraternidade e respeito foram os "quatro momentos que nortearam" a intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa no Parlamento.

Segundo o deputado do MPLA, o discurso do Presidente português "traduz a recomposição daquilo que foi perdido ao longo de algum tempo de altos e baixos entre o povo português e o povo angolano e nas relações entre os dois países".

"O que ele queria traduzir aos angolanos é a necessidade de reiniciar, de reactivar as relações que unem os dois povos do ponto de vista histórico, linguístico, cultural e também a grande proximidade que temos", apontou.

Por seu lado, o deputado e vice-presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Raul Danda, manifestou-se gratificado pela presença de Marcelo Rebelo de Sousa no parlamento angolano, "por ser alguém que tem o dom de poder contagiar as pessoas e até o dom da simplicidade que os líderes devem ter".

"E tal como ele (Presidente português) dizia e também o presidente da Assembleia Nacional, que somos povos irmãos, estamos condenados a viver juntos e quanto melhor podermos transformar essa vivência e convivência melhor para todos nós", realçou.

O Presidente português chegou na terça-feira a Luanda, para uma visita de Estado de quatro dias a Angola, que começou oficialmente hoje, dividida entre a capital angolana e as províncias de Benguela e Huíla, terminando no sábado, 09 de março, data em que cumpre três anos de mandato.

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