Missões na RCA, Afeganistão e Iraque são de longa duração e vão continuar, diz chefe do EMGFA

Em entrevista, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas diz que a falta de recursos humanos é o maior problema da instituição, e defende ser urgente melhorar as condições de prestação do serviço militar para atrair os jovens.

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LUSA/MIGUEL A. LOPES

As missões militares portuguesas na República Centro-Africana (RCA), Iraque e Afeganistão são “operações de longa duração” que deverão continuar no próximo ano, no âmbito do contributo de Portugal para a paz, defende o almirante António Silva Ribeiro.

O chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA), António Silva Ribeiro, frisa que os conflitos naqueles países “vão demorar anos a resolver e é preciso que a comunidade internacional contribua para a sua resolução”. 

“Fruto da acção da nossa força de reacção rápida, há um mês o principal grupo opositor, UPC, foi para a mesa das negociações e foi assinado um acordo de paz [a 6 de Fevereiro], sublinhou o chefe do EMGFA em entrevista à Agência Lusa, considerando que “convém não esquecer” o contributo da força militar para que o diálogo político fosse possível.

“Neste momento, o país está estável e desejamos que assim continue, que os órgãos democráticos consigam exercer autoridade, e que o governo da República Centro-Africana consiga ter capacidade para controlar todo o território. Mas isso vai demorar tempo e vai ser necessária a permanência das nossas forças”, justifica.

Quanto à segurança e defesa europeias, António Silva Ribeiro considera que “é essencial que os países europeus desenvolvam capacidades militares” e que o façam de forma articulada e não em “duplicação” com a NATO. Silva Ribeiro defende que “tudo o que se fizer” no âmbito do desenvolvimento de capacidades militares da União Europeia deve ter “utilidade para a NATO”, organização que “é verdadeiramente a aliança militar estruturante da defesa euro-atlântica, da qual a Europa faz parte”.

“Ainda vai levar tempo até que a União Europeia tenha uma capacidade de resposta militar como tem a NATO. A NATO tem um actor essencial que são os EUA, com um potencial diferenciador. Com o que investem em investigação e desenvolvimento, a edificação das capacidades é incomparável com qualquer outro país do mundo. Portanto, a NATO é que é verdadeiramente a aliança militar estruturante da defesa euro-atlântica, da qual a Europa faz parte”, afirma o almirante Silva Ribeiro.

Portugal tem 215 militares empenhados na missão da NATO no Afeganistão, na protecção do aeroporto de Cabul, em funções de quartel-general, de apoio e de operações especiais.

Na RCA, estão empenhados 193 militares na missão das Nações Unidas, 179 dos quais se constituem como força de reacção imediata, sediados em Bangui, mais 14 no quartel-general, cujo segundo-comandante é o general português Marcos Serronha.

Na missão de formação e aconselhamento da União Europeia neste país, comandada por Portugal até ao próximo mês de Julho, estão 63 militares, segundo dados do Estado-Maior-General das Forças Armadas.

No Iraque, no âmbito da coligação internacional de combate ao Daesh, Inherent Resolve, estão 52 militares portugueses que dão formação e treino às forças iraquianas.

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