"Uma empresa que não inova, estagna"

Capacitar as empresas para uma maior competitividade passa não só pela aposta em inovação mas também pela qualificação dos seus recursos humanos. A propósito do concurso de apoio à contratação de recursos humanos altamente qualificados, no âmbito dos apoios da União Europeia, conversamos com Eduardo Maldonado, presidente da Agência Nacional de Inovação (ANI).

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O novo concurso promovido pelo NORTE 2020 tem como propósito fomentar a contratação de recursos humanos qualificados, por parte das Pequenas e Médias Empresas (PME), como forma de promover a inovação. Através da criação de equipas internas de investigação e desenvolvimento (I&D), as PME reforçam as suas competências empresariais, de encontro à diferenciação competitiva. Através deste apoio ao financiamento da contratação, as empresas são convidadas a pensar a inserção dos recursos de forma continuada, não só adequando a candidatura à Estratégia Regional de Especialização Inteligente (RSI3) como também assegurando a manutenção dos contratos três anos após o término do apoio concedido.

Para Eduardo Maldonado, presidente da Agência Nacional de Inovação (ANI), “uma empresa que não inova, estagna e nunca fica muito bem no futuro”. Para que haja uma maior articulação entre as empresas e o Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SCTN), e que efectivamente aconteça uma “transferência de tecnologia entre os dois lados”, a ANI actua enquanto mediadora de acções colaborativas. Nem sempre é fácil para uma empresa a abertura por parte de universidades ou centros de investigação, pelo que a ANI tem como missão: “promover que trabalhem melhor e mais em conjunto, no sentido de desenvolver novas ideias e novos produtos”, refere Eduardo Maldonado. Um dos maiores incentivos é o financiamento de projectos, através do Portugal 2020 - mas não só. Dentro do Portugal 2020, há uma série de programas [como o COMPETE 2020] nos quais a ANI é o organismo intermédio, o organismo responsável por avaliar as candidaturas dando pareceres positivos ou negativos para seleccionar os projectos a financiar”, explica. Uma vez seleccionados para financiamento, a função da ANI passa por acompanhar os promotores durante a execução dos projectos. Pela ligação a projectos idênticos que implicam a contratação de recursos humanos qualificados, a ANI associou-se à CCDR-N na implementação deste concurso. 

“As empresas que têm mais sucesso são aquelas que vão criando e apostando no crescimento da sua própria unidade de investigação”

Sobre o interesse das PME em apostar em projectos de inovação, Eduardo Maldonado não hesita em afirmar que são cada vez mais as empresas que procuram sinergias com o SCTN ou que apostam na criação dos seus próprios núcleos de investigação – e os números comprovam-no.

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Fonte: Comissão Europeia D.R.

Apesar de um significativo aumento do investimento em I&D, especialmente nos últimos 15 anos,Portugal ainda é um inovador moderado” e há claras deficiências na capacidade de criar valor a partir desse conhecimento. “Se uma empresa não tem o seu núcleo de I&D interno, limita-se a contratar alguém para fazer o trabalho. No fim tem um resultado, mas se depois não tem capacidade de dar sequência ao processo, fica pouco”, afirma Eduardo Maldonado. Com a possibilidade de criar o seu próprio núcleo de inovação, a empresa pode continuar a trabalhar com o sistema científico-tecnológico, mas consegue dialogar de uma forma muito mais eficaz com os parceiros académicos. “Aquilo que nós temos verificado é que as empresas que têm mais sucesso são aquelas que vão criando e apostando no crescimento da sua própria unidade de investigação.” A aposta na qualificação dos recursos humanos das PME é, por isso, essencial para o crescimento sustentado do tecido empresarial nacional.

Conteúdo apoiado pelo NORTE 2020, no contexto do Acordo de Parceria Portugal 2020 e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.