Guaidó promete voltar esta semana à Venezuela e convoca manifestações

A estratégia do líder da oposição para afastar Maduro está num ponto de impasse. Pode ser detido ou impedido de reentrar no país.

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Guaidó com o Presidente do Equador, Lenin Moreno (sentado) Daniel Tapia/REUTERS

Juan Guaidó, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela que invocou a Constituição para se declarar presidente interino, anunciou o seu regresso no início da semana, depois de um périplo por vários países da América do Sul, e convocou manifestações para segunda e terça-feira - os dias mais fortes do Carnaval.

"Anuncio o meu regresso a casa a partir do Equador, país irmão, que hoje restabelece relações produtivas com o nosso povo (...) não apenas por causa da crise migratória, mas também devido ao flagelo da corrupção", afirmou Guaidó, na cidade costeira de Salinas, ao lado do Presidente equatoriano, Lenin Moreno.

Quito estima que vivem cerca de 250.000 venezuelanos no seu território, 100.000 com visto.

Guaidó prometeu estar em Caracas, na Praça Alfredo Sadel de Las Mercedes, às 11h da manhã. Como, não explicou.

O que acontecerá quando Guaidó tentar voltar à Venezuela é uma incógnita, mas antecipa-se que possa ser preso, pois havia uma interdição imposta pelo Supremo Tribunal de sair do país, que violou no fim-de-semana passado, quando a oposição tentou fazer entrar através da fronteira com a Colômbia camiões com ajuda humanitária oferecida pelos Estados Unidos e outros países da região.

A operação falhou, mas Guaidó conseguiu sair da Venezuela, e visitou vários países do continente americano (Colômbia, Brasil, Argentina, Paraguai e Equador) e estabeleceu pessoalmente contactos diplomáticos. Mas, embora tenha apelado a que “todas as opções” fiquem abertas, incluindo a hipótese de intervenção militar, apenas conseguiu um reforço da política de sanções contra o regime de Nicolás Maduro.

Os Estados Unidos e a União Europeia avisaram Maduro contra qualquer tentativa de prender Guaidó, mas não seria novidade a detenção de um líder da oposição. É o caso de Leopoldo López, preso desde 2014. Muitos outros, para escapar à prisão, viram-se forçados ao exílio.

Para o Governo de Maduro, o melhor seria que Guaidó não regressasse. Ao visitar os líderes de países aliados, Guaidó "está a aumentar as implicações [para o regime] de ser preso”, disse à revista Time Felix Seijas, director da empresa de sondagens Delphos, de Caracas.

Guaidó continua a prometer uma amnistia alargada para os militares que se passem para o seu campo, e que poderia estender-se ao próprio Nicolás Maduro - mas os termos concretos dessa amnistia continuam sem ser aprovados pela Assembleia Nacional, o órgão a que preside, como destaca a Time.

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