Nova injecção pública no Novo Banco: Mário Centeno vai ao Parlamento

Ministro disponível para falar com deputados na próxima semana. Presidente concorda com auditoria pedida pelo Governo: "Os portugueses têm o direito de saber o que se passou".

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LUSA/MÁRIO CRUZ

O ministro das Finanças, Mário Centeno, manifestou este domingo disponibilidade para ir ao Parlamento, na próxima semana, prestar esclarecimentos sobre a situação do Novo Banco, disse à agência Lusa fonte do Ministério das Finanças.

Na sexta-feira, o Novo Banco anunciou que vai pedir uma injecção de capital de 1149 milhões de euros ao Fundo de Resolução, tendo o Ministério das Finanças anunciado que "considera indispensável" a realização de uma auditoria para escrutinar o processo de capitalização deste banco.

Na sequência do anúncio, o CDS-PP pediu a presença de Mário Centeno no Parlamento para dar esclarecimentos sobre o Novo Banco “com a máxima urgência”, sublinhando que uma injecção de capital público “é o oposto” do que foi prometido pelo Governo. Também o Bloco de Esquerda e o PCP criticaram o processo.

Fonte oficial do Ministério das Finanças confirmou este domingo à agência Lusa a disponibilidade do ministro para comparecer na próxima semana no parlamento para prestar esclarecimentos sobre a situação do Novo Banco na sequência do processo de resolução iniciado em 2014.

No ano passado, para fazer face a perdas de 2017, o Novo Banco já tinha recebido uma injecção de capital de 792 milhões de euros do Fundo de Resolução. A concretizar-se o valor pedido agora, as injecções públicas ficarão em mais de 1900 milhões de euros.

O Novo Banco, que ficou com parte da actividade bancária do Banco Espírito Santo (BES) – resgatado no Verão de 2014 –, é desde Outubro de 2017 detido em 75% pelo fundo norte-americano Lone Star, sendo os restantes 25% propriedade do Fundo de Resolução bancário (entidade da esfera pública gerida pelo Banco de Portugal).

A Lone Star não pagou qualquer preço, tendo acordado injectar 1000 milhões de euros no Novo Banco, e negociou um mecanismo que prevê que, durante oito anos, o Fundo de Resolução injecte até 3,89 mil milhões de euros no banco por perdas que venha a registar num conjunto de activos “tóxicos” e alienações de operações não estratégicas (caso ponham em causa os rácios de capital da instituição).

Em 2018, o Novo Banco registou prejuízos de 1412 milhões de euros.

Marcelo concorda com auditoria

O Presidente da República concordou este domingo com o pedido de auditoria anunciado pelo Governo às contas do Novo Banco, considerando que “os portugueses têm o direito de saber o que se passou” desde a resolução desta instituição.

“Eu penso que aquilo que foi pedido pelo senhor ministro das Finanças foi bem pedido, uma auditoria. Os portugueses têm o direito de saber o que se passou desde que foi determinada a resolução, já lá vão muitos anos, com sucessivas gestões e saber concretamente qual o destino do dinheiro dos contribuintes. Esse esclarecimento é importante”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, questionado pelos jornalistas, à margem das comemorações do 216.º aniversário do Colégio Militar, que hoje decorrem em Lisboa.

Questionado se considera preocupante que os portugueses continuem a ter de injectar dinheiro nos bancos, o chefe de Estado reiterou: “É fundamental apurar para que isso não continue a acontecer”.

Notícia actualizada às 12h59 com declarações de Marcelo Rebelo de Sousa

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