Abrandamento de 2018 e 2019 já estava nos planos do Governo, diz António Costa

Primeiro-ministro diz que o Governo já tinha previsto o abrandamento nas contas de 2015.

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António Costa LUSA/HUGO DELGADO

A palavra abrandamento está a tornar-se uma constante no discurso político. Esta quinta-feira, António Costa voltou a repetir que a economia portuguesa vai continuar a apresentar bons resultados, mas reconheceu também que há uma nova conjuntura de abrandamento, que, sublinhou, estava prevista pelo PS logo no cenário macroeconómico que desenhou em 2015.

O primeiro-ministro lembrou, após ter recebido a Real Confraria do Carnaval de Torres Vedras no Palácio de São Bento, em Lisboa, que quando o programa do Governo foi apresentado em Novembro de 2015, já se antecipava "que 2018 e 2019 teriam um ritmo de crescimento inferior ao de 2017, razão pela qual o ciclo das políticas [do executivo] foi programado para responder a essas necessidades". António Costa reagiu assim aos mais recentes dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

"Felizmente, Portugal vai para o terceiro ano consecutivo em que está a crescer acima da média da União Europeia, em que o nível do investimento privado continua a surgir com muita força, a par de um conjunto de investimento público que está a aumentar, após um primeiro ciclo centrado nos rendimentos", disse, mostrando que um optimista não consegue manter o pessimismo por muito tempo. "Estamos a crescer a um ritmo menos veloz do que há dois anos, mas acima da média europeia. É isso que nos vai permitir continuar a ter bons resultados".

A ideia de que, apesar do arrefecimento, ainda é cedo para ajustar as metas foi admitida também por Pedro Siza Vieira, em entrevista à Reuters, em Janeiro. "Acho que é cedo para estarmos a pedir ao Ministério das Finanças que, desde já, faça exercícios de projecções", dizia o ministro da Economia, referindo-se à actualização de projecções que o Governo terá que fazer em Abril, data em que terá que entregar em Bruxelas o novo Programa de Estabilidade.

O primeiro a adoptar o duplo discurso de que as coisas ainda estão a correr bem mas é preciso cautela "para não apanharmos uma corrente de ar e uma gripe que depois se transforma numa pneumonia" (como diria depois António Costa em Janeiro), foi Mário Centeno, em declarações à Bloomberg, no início do ano. Nessa altura, o ministro das Finanças assumiu que o "abrandamento pode demorar um pouco mais do que o esperado".

No último fim-de-semana, ao Expresso, Centeno foi taxativo sobre a necessidade de Portugal controlar as suas contas. "Não há margem nenhuma para acomodar novos aumentos de despesa", assegurou o ministro das Finanças. "A meta do défice [de 0,2%] é para manter", garantiu. Centeno, que também é presidente do Eurogrupo, pode manter a esperança nos bons resultados, mas não dispensa as contas em ordem.

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