Mindfulness pode ajudar a aliviar a dor crónica, sugere revisão de estudos

Os resultados são importantes porque a dor crónica afecta um em cada cinco adultos e pode afectar todos os aspectos da vida diária, observa a equipa de investigadores.

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Dingzeyu Li/Unsplash

As pessoas com dor crónica podem recorrer ao mindfulness para redução do stress, assim como à terapia cognitivo-comportamental, sugere uma revisão de vários estudos, publicada na revista académica britânica Evidence Based Mental Health

A redução do stress baseado na atenção plena, ou mindfulness (a sigla inglês é MBSR, para Mindfulness-bases stress reduction) é usada para ajudar os doentes a aprender técnicas de meditação, que podem pôr em prática em casa ou durante actividades diárias como conduzir ou comer. Esta terapia inclui exercícios de respiração e práticas como o ioga para ajudar a estimular a consciência corporal e a focar-se no presente.

Este tipo de intervenção é proposta como um programa de grupo de várias semanas, em que é ensinado aos doentes maneiras de “aumentar a consciência do corpo, emoções, sensações, pensamentos, bem como aprender estratégias de auto-regulação e respostas mais adaptativas ao stress”, escreve a equipa responsável pela revisão, na revista.

Para estas conclusões, os investigadores analisaram dados de sete estudos com um total de 545 pessoas com dor crónica. Os participantes foram escolhidos aleatoriamente para fazer a aprendizagem do MBSR ou para se juntar a um grupo de controlo colocado numa lista de espera ou apenas para continuar a receber o tratamento padrão, que geralmente inclui analgésicos prescritos ou anti-inflamatórios, ou nenhum tratamento.

Superar a preocupação

Os investigadores também analisaram 13 estudos com um total de 1095 doentes com dor, metade dos quais foi aleatoriamente escolhida para receber o que é conhecido como terapia cognitivo-comportamental (CBT, a sigla inglesa para cognitive behavioral therapy), uma forma de terapia de conversação que é o tratamento não-medicamentoso “predominante” oferecido para a dor crónica.

A CBT ensina as pessoas a usarem técnicas que abordam os factores mentais (ou cognitivos) associados à dor, como foco intenso ou hiper-percepção de desconforto, e a superar a preocupação e outras emoções negativas que frequentemente acompanham a dor crónica. Os doentes que não fizeram CBT receberam tratamento padrão ou nenhum tratamento.

“Descobrimos que tanto a MBSR como a CBT melhora os sintomas de dor crónica em termos de funcionamento físico, intensidade da dor e sintomas de depressão, em comparação com os cuidados habituais”, declara Wei Cheng, co-autor da revisão, do Ottawa Hospital Research Institute, no Canadá.

“Ainda é muito cedo para dizer qual das técnicas, a CBT ou a MBSR, pode ser melhor para o tratamento da dor crônica”, acrescenta o investigador. É que apenas um dos estudo em análise, com 341 doentes comparou directamente as duas opções, e não encontrou uma diferença significativa entre as duas abordagens.

Contudo, os resultados são importantes porque a dor crónica afecta um em cada cinco adultos e pode afectar todos os aspectos da vida diária, observa a equipa de investigadores. A CBT e a MBSR são duas opções que podem ajudar as pessoas a controlar a dor sem usar opióides, que podem ser viciantes, ou outros analgésicos que podem ter uma variedade de efeitos colaterais.

A maioria dos participantes dos estudos na presente análise eram mulheres, com idade entre 35 e 65 anos. Na maioria das vezes, sofriam de dor musculoesquelética e muitas delas viviam com dor crónica há uma década ou mais.

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