José Soares dos Santos: “O oceanário pode ser ampliado fora da Expo-98”

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José Soares dos Santos, presidente do conselho de administração da Fundação Oceano Azul Daniel Rocha

José Soares dos Santos é um homem feliz. Menos de três depois do nascimento da Fundação Oceano Azul, a sua reputação internacional não pára de crescer. Depois da concessão do Oceanário de Lisboa –​ que vai mesmo expandir-se, garante ao PÚBLICO o presidente do conselho de administração da Fundação Oceano Azul​ –, esta quinta-feira a fundação escreveu o nome no mapa internacional da conservação marinha, com a assinatura de um memorando para proteger 15% da zona económica exclusiva dos Açores.

Qual é o objectivo deste memorando?

O acordo é a única forma de dar corpo à vontade do Governo Regional dos Açores de transformar a região. Existe aqui, digamos, um encontro de vontades entre o governo regional, nomeadamente do seu presidente [Vasco Cordeiro], a Fundação Oceano Azul e a Waitt Foundation. Este acordo é a forma de estruturar esta relação.

Porquê os Açores?

Os Açores atraem, quando nós enviámos equipas, nomeadamente na primeira expedição [científica] e depois confirmando na segunda, vimos que há uma espécie de apelo da natureza à intervenção. E isso de facto mobiliza as vontades. As pessoas sentam-se e ficam maravilhadas. Espantadas. Sentem essa necessidade de fazer qualquer coisa.

Quais os planos da Fundação Oceano Azul para o futuro?
A fundação é muito jovem. Vai fazer três anos no fim deste ano. Foi feita a 12 de Dezembro e depois foi anunciada publicamente mais tarde. Estamos a tentar perceber onde é que podemos acrescentar valor. Qual é o papel da fundação. E principalmente qual é o modelo que efectivamente faz a transformação e provoca a mudança nas pessoas. Temos uma série de projectos que estão no terreno, a dar os primeiros passos, e vamos tentar apurar como é que eles funcionam em conjunto. Queremos mudar a percepção das pessoas relativamente à natureza, relativamente ao mar, e que isso provoque uma alteração de comportamentos com impactos positivos no futuro do planeta e no futuro das pessoas.

Sobre o Oceanário de Lisboa, já falou na necessidade de expansão.

O Oceanário de Lisboa tem um semiproblema, porque está com um grande sucesso. Temos uma taxa de ocupação muito alta e quando ela atinge determinados valores a insatisfação aumenta. Existem duas soluções. Ou se aumenta o preço, seleccionado a audiência. Com menos pessoas conseguimos dar a experiência que elas procuram ou então termos de pensar nalguma forma de ampliação do espaço e das actividades.

Qual é a solução?

O caminho que o oceanário prefere é o da ampliação, porque aumentar os preços significa diminuir a nossa missão. A nossa missão é tocar no máximo possível de corações e trazê-los para a causa do mar. Não é certamente aumentando muito os preços – evidentemente que têm de se ir aumentado para acompanhar os custos –, que vamos cumprir essa missão. Neste momento o oceanário está a estudar quais são as opções em termos de expansão. 

O que falta?

Falta seleccionar a ideia principal e depois falta ver como é que podemos pôr essa ideia em realização. O oceanário é uma concessão. O edifício pertence ao Estado, e não podemos fazer nada sem a autorização dele, e do arquitecto Peter Chermayeff, porque existe aqui a questão da propriedade intelectual. É um assunto que vamos ter de resolver nos próximos 12 meses. Dentro desse prazo, temos de ter a ideia do que queremos bem fundamentada e com quem temos de falar. O oceanário pode ser ampliado, mesmo fora da [antiga zona da] Expo-98 [no Parque das Nações].

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