Ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano de volta ao cargo, confirmado pelo Líder Supremo

O moderado Mohammad Javad Zarif demitiu-se, num desafio à facção mais radical do regime, mas o responsável pelo acordo nuclear com o Ocidente não foi dispensado.

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Zarif de novo em funções, com o MNE da Arménia Gabinete presidencial do Irão/EPA

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, está de volta ao seu posto, depois de na segunda-feira ter anunciado que se demitia de uma forma estranha, através da sua conta no Instagram.

O rosto “moderado” do regime iraniano e da diplomacia do Presidente Hassan Rouhani batia com a porta no mesmo dia em que o Presidente sírio Bashar al-Assad era recebido em Teerão pelo Líder Supremo, o ayatollah Ali Khamenei – numa reunião para a qual Zarif não foi convidado. Mas o Presidente Rouhani não aceitou a demissão do aliado e Zarif está de volta às suas funções.

Zarif, que frequentou uma universidade nos Estados Unidos e foi um dos arquitectos do acordo nuclear do Irão com o Ocidenterejeitado pela Administração Trump, que desconfia tanto de Teerão como o Governo Israelita e os seus aliados da Arábia Saudita – agradeceu no Instagram o apoio que lhe foi dado pelo povo iraniano.

A sua demissão foi uma prova de força na tensão constante que existe nos círculos de poder iranianos entre os chamados “reformadores”, como ele próprio e o Presidente Rouahni, e as figuras da “linha dura”, entre os quais se conta o Líder Supremo Khamenei. Se o acordo nuclear foi sempre um pouco engolido a contragosto por estes últimos, e depois de os EUA se terem retirado, a posição dos moderados no equilíbrio de forças ficou mais debilitada.

Com o pedido de demissão, Zarif terá tentado forçar Khamenei a escolher um dos lados.

O desafio terá resultado. O Presidente Rouhani enviou um comunicado à agência noticiosa IRNA em que diz que “o Líder Supremo o descreveu como uma pessoa corajosa, religiosa e merecedora de confiança”, na “vanguarda da resistência contra as pressões dos EUA”, para justificar que não aceitaria a sua demissão, relata a Reuters.

E o comandante dos Guardas da Revolução Qassem Soleimani, responsável pela coordenação das acções internacionais desta força (por exemplo, na Síria), disse que Zarif era o principal responsável da política externa do Irão e era apoiado pelo Líder Supremo.

Portanto, mesmo sem se pronunciar de viva voz, Zarif foi confirmado por interposta pessoa no cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros por Ali Khamenei.

Mais, para corrigir o insulto de não ter sido chamado para a visita de Assad a Teerão, recebeu um convite do Presidente sírio para ir a Damasco.

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