Sistema de Mobilidade do Mondego a funcionar na totalidade em 2022, diz presidente da IP

Ligação entre a beira rio e hospitais e futuro da estação ferroviária mais próxima do centro de Coimbra, que será desactivada, estão ainda por definir.

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ADRIANO MIRANDA / PUBLICO

O sistema de autocarros eléctricos que liga Coimbra à Lousã deverá estar a funcionar na totalidade até 2022. A garantia foi deixada em Coimbra pelo presidente da Infra-estruturas de Portugal (IP), António Laranjo, que, na apresentação do estudo prévio de parte do troço urbano Sistema de Mobilidade do Mondego, diz que os prazos estão a ser cumpridos. De acordo com o responsável, os trabalhos de adaptação das vias para a circulação dos autocarros deverão estar concluídos até ao final de 2021, para que a totalidade do sistema esteja em funcionamento no ano seguinte. 

No início do mês, no lançamento do concurso do troço suburbano, entre Serpins, no concelho da Lousã, e o Alto de S. João, às portas de Coimbra, o então ministro do Planeamento e Infra-estruturas, Pedro Marques, disse que essa parte entraria em funcionamento até 2021, mas não deixou garantias sobre as linhas na cidade de Coimbra. 

Com uma extensão de cerca de sete quilómetros e 16 paragens, a ligação entre o Alto de S. João e Coimbra B não vai seguir apenas o antigo canal ferroviário do Ramal da Lousã. O trajecto faz um desvio na zona da Solum, servindo a zona residencial mas também o pólo comercial. Contorna uma parte do estádio Cidade de Coimbra e cruza depois a rua do Brasil para regressar ao antigo Ramal da Lousã. Daí passa pela antiga estação do Parque da Cidade, Portagem, e segue a caminho da estação ferroviária de Coimbra B, que será reformulada para assumir funções de “estação central de Coimbra”, diz Laranjo.

O investimento na infra-estrutura de via dupla e canal dedicado ronda os 26 milhões de euros, sendo que o canal onde a velocidade máxima será de 50 quilómetros por hora “pode ser segregado em algumas zonas e ser partilhado” noutras, afirma o presidente da IP. “É uma opção que terá de ser feita”. 

Por onde passa a linha do hospital?

Fica ainda por conhecer o percurso da linha do hospital, que ligará a beira-rio aos Hospitais da Universidade de Coimbra. O projecto do metropolitano de superfície que foi interrompido em 2011 previa passagem pelo Jardim da Sereia e a construção de um túnel, que permitiria evitar o cruzamento da Cruz de Celas. “Durante o mês de Março ou início de Abril estaremos em condições de fechar os traçados da linha do hospital”, informou o presidente da IP, explicando que esse trabalho de desenho está a ser feito em conjunto com o município e com o hospital. 

A forma de operação do SMM também ainda não é conhecida. António Laranjo fez menção a um “operador que explore o sistema”, mas não adiantou pormenores. Questionado pelos jornalistas, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), Manuel Machado, disse que “à partida” a entidade que, por lei, deve assumir a gestão é a Sociedade Metro Mondego, detida a 51% pelo Estado e o restante em partes iguais pelas autarquias de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã. Uma vez que o sistema de mobilidade deverá ficar com algumas das linhas mais concorridas dos Serviços Municipalizados dos Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC), deverá ser preciso repensar também a sua operacionalidade. “Se for necessário”, afirma o autarca, o SMM e os SMTUC “fundem-se, mas não é obrigatoriamente necessário”. E voltou a acrescentar: “não é uma prioridade, neste momento”. 

As interrogações estendem-se à estação de Coimbra A. Com a entrada em funcionamento do SMM, está prevista a desactivação da estação ferroviária mais próxima do centro da cidade, sem que a IP ou município dêem garantias sobre o seu futuro. 

Questionado pelo PÚBLICO, Laranjo disse que não iria pronunciar-se “sobre a vocação” da estação. Referiu apenas, que “competirá à CMC decidir” e que não se pode deixar que aquele “edifício lindíssimo” fique “ao abandono, ou que tenha uma utilização menos nobre”. O presidente da IP deixou Coimbra sem falar com os jornalistas. Por seu turno, Manuel Machado afirmou que a estação “integra o domínio ferroviário” público e que avançar com o SMM é uma preocupação mais premente. E depois? “Uma das possibilidades é a CMC apresentar ao governo uma solução para aquele equipamento”, respondeu, recordando que, em 1999, foi lançada a ideia de instalar ali um centro cultural Miguel Torga. “É uma hipótese, mas não é, neste momento, a nossa prioridade”, voltou a acrescentar. 

Também pendente está a questão da Via Central, no centro de Coimbra. Está prevista a demolição de dois edifícios para que fique concluída a ligação entre a avenida Fernão de Magalhães e a rua da Sofia. Machado diz que a autorização para essa intervenção “está dependente exclusivamente do Ministério das Finanças”. 

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