Câmara do Porto propõe a Paula integração no programa de reinserção para ex-reclusos

Inquilina foi recebida pelo vereador Fernando Paulo e foi-lhe proposto integrar programa camarário apresentado há uma semana: poderá ter uma casa durante um ano e depois candidatar-se a habitação camarária definitiva.

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Paulo Pimenta

Paula Gonçalves tinha um desejo: regressar à casa 31, entrada 27 do bloco oito do bairro do Lagarteiro. Mas a menos que o tribunal dê razão à impugnação do despejo feito pelo advogado da inquilina, essa solução não deverá ir para a frente. Numa reunião à porta fechada, o vereador da Habitação terá proposto a Paula, despejada a poucos meses de sair em liberdade condicional, que integrasse o programa Apoiar para (Re)inserir. Nesta medida prevê-se a disponibilização de cinco habitações sociais por ano para ex-reclusos, por um prazo máximo de doze meses.

Nesta quarta-feira, o vereador de Rui Moreira deverá entrar em contacto com a directora do Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo para lhe dar nota desta possibilidade. Mas este programa camarário, em parceria com a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais e a Santa Casa da Misericórdia, está ainda pendente da aprovação por parte do Ministério da Justiça.

A solução teve sabor agridoce para Paula Gonçalves. A garantia da câmara aumenta a possibilidade de sair em breve em liberdade condicional e “isso é bom”. Mas a ideia de sair do bairro onde tem raízes é para ela avassaladora: “Ainda não estou em mim, tinha muita esperança de ter a minha casa de volta”, disse ao PÚBLICO minutos depois de abandonar a reunião.

Paula Gonçalves conta que lhe comunicaram não ser possível, mesmo nesta solução temporária, darem-lhe a mesma habitação e que o apartamento entrará em obras em breve. Na reunião — onde esteve o vereador e mais três membros da Domus Social e à qual Paula compareceu apenas com uma vizinha — terá sido discutida a questão das rendas em falta: “Fiz questão de lhes dizer que não tenho nenhuma renda em atraso como tem dito”, relatou. Lamentando a ausência do presidente Rui Moreira, Paula terá ainda deixado uma reclamação, contou: “Chamaram-me a reclusa e a traficante de droga, mas o meu nome é Paula. Cometi um erro e já fui condenada pelo que fiz.”

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