Médico esfaqueado por um doente no hospital de Peniche

Cirurgião foi transportado para o Hospital das Caldas da Rainha, onde ficou internado. Agressor tem "patologia psiquiátrica". Ordem dos Médicos condenou "veementemente" a agressão.

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Rui Gaudencio (arquivo)

Um médico de 60 anos foi esta segunda-feira esfaqueado por um doente que irrompeu pela sala de pequenas cirurgias onde ele estava a trabalhar, no serviço de urgência do hospital de Peniche.

O agressor, com 64 anos, foi detido pela PSP ainda dentro das instalações do hospital e vai ser interrogado em tribunal nesta terça-feira, adiantou o porta-voz da PSP.

Com uma "patologia psiquiátrica" e frequentador habitual do hospital de Peniche, o doente viu o médico, que é cirurgião, quando ia para uma consulta na urgência e agrediu-o com "três facadas na zona das nádegas", segundo descreveu à Lusa Elsa Banza, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Oeste (a que pertence o hospital de Peniche). O crime não aconteceu no "âmbito de uma consulta àquele doente", frisou. 

Tendo em conta que o hospital de Peniche dispõe apenas de uma urgência básica, o cirurgião teve que ser transportado para o hospital das Caldas da Rainha, que possui um serviço de urgência médico-cirúrgica, para ser tratado aos ferimentos. Ficou internado, mas "está estável" e não corre "risco de vida", esclareceu Elsa Banza. 

As agressões a profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, assistentes técnicos e operacionais) que são reportadas à Direcção-Geral da Saúde (DGS) têm vindo a aumentar ao longo dos últimos anos. Em 2018, foram notificados mais de 950 incidentes de violência contra profissionais de saúde, quando no ano anterior tinham sido 678.

Do total de 4256 casos registados desde que em 2007 foi criado um observatório na DGS para monitorizar este fenómeno, a maior parte têm que ver com assédio moral (62%), mas há também muitos episódios de violência física (12% do total) e de violência verbal (17%). 

A Ordem dos Médicos (OM) condenou "veementemente" a agressão. “Este caso é o espelho da grave situação de insegurança que se vive no Serviço Nacional de Saúde e de um clima de conflitualidade institucional que infelizmente é alimentado pela própria tutela", considerou o bastonário Miguel Guimarães, em comunicado.

"O aumento de casos de agressão contra profissionais de saúde é o espelho do desinvestimento do Governo no Serviço Nacional de Saúde e da insistência numa política que cria ambientes de tensão", acrescentou.

Em comunicado, também o Sindicato dos Médicos da Zona Sul demonstrou o seu apoio para com o médico agredido no hospital de Peniche. "A violência e a intimidação sobre médicos e outros profissionais de saúde no exercício da profissão são inadmissíveis. Para o sindicato, as administrações devem ser responsabilizadas pela segurança dos profissionais nos locais de trabalho", refere o sindicado que exige ainda "a garantia da segurança dos médicos no exercício das suas funções e o investimento na prevenção destas situações".

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