União Europeia aberta à possibilidade de adiar o "Brexit" até 2021

Bruxelas quer evitar um possível adiamento de curto prazo, que não servirá para resolver os diferendos. Mas nada é certo, devido ao que se passa em Londres, disse uma fonte do Guardian.

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May reuniu com Donald Tusk este domingo em Sharm El Sheikh, à margem da cimeira UE/Liga Árabe EPA

Altos funcionários da União Europeia já estão a discutir a possibilidade de a saída do Reino Unido da União Europeia ("Brexit") ser adiada até 2021, caso o Parlamento britânico continue a rejeitar o acordo negociado pela primeira-ministra Theresa May, disseram fontes diplomáticas ao jornal The Guardian.

A notícia foi publicada neste domingo, pouco depois de May ter anunciado que o acordo de saída será votado novamente no parlamento britânico até 12 de Março, escassos 16 dias antes da data prevista para o "Brexit", 29 de Março. 

“Se os líderes acharem que faz sentido um adiamento, o que não é certo tendo em conta a situação no Reino Unido, não avançarão para o precipício [de uma saída sem acordo] mas assegurarão que haverá um período razoável para resolver os assuntos pendentes” disse ao jornal britânico um diplomata da UE.

O pedido de prolongamento terá que ser feito pelo Governo de Londres, onde esta semana haverá uma outra votação de uma emenda que visa impedir uma saída sem acordo. Segundo o jornal El País, foi com base no que pode sair desta votação que Bruxelas trabalhou o cenário de surgir um pedido de adiamento. May, porém, marcou outra votação do acordo de saída até 12 de Março e fez declarações que excluem o adiamento.

De acordo com fontes do Guardian, no caso de ser necessária uma extensão do prazo para a saída, a União Europeia quer evitar um período curto que não será suficiente para resolver os diferendos, nomeadamente a questão da fronteira na Irlanda, preferindo antes um prazo de 21 meses. Entre as figuras que preferem uma solução neste sentido, relata o Guardian, estão o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e o secretário-geral da Comissão Europeia, Martin Selmayr.

"Uma extensão de 21 meses faz sentido porque cobriria o quadro financeiro [período do orçamento europeu] e tornaria as coisas mais fáceis", afirma uma das fontes diplomáticas europeias ouvidas pelo jornal.

May: "Adiar não resolve o problema"

Neste domingo, Theresa May insistiu que adiar a data de saída do Reino Unido do bloco comunitário, como defendem alguns membros do seu Governo, “não resolve o problema”, adia apenas “o momento de tomar uma decisão”.

“Ainda está ao nosso alcance sair da UE em 29 de Março e é isso que planeamos fazer”, explicou Theresa May neste domingo, anunciando que pretende agendar a votação sobre o "Brexit" no parlamento britânico até 12 de Março​. A equipa de negociadores de Theresa May regressa a Bruxelas na terça-feira.​ 

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