Nasceu na Suíça, cresceu na Áustria e joga pela Líbia

Com uma vida passada entre Viena e Nova Iorque, Ismael Shradi escolheu jogar pelo país dos seus pais.

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Ismael Shradi brilhou na primeira época ao serviço do New York City FC Brad PennerUSA TODAY/Reuters

Nasceu em Berna, cresceu em Viena e vive em Nova Iorque, mas a vida cosmopolita de Ismael Shradi nunca o fez esquecer as suas origens. Antes pelo contrário, ter vivido quase toda a sua vida longe do país dos seus pais só o fez ter mais orgulho dessas origens. E assim que teve a oportunidade de o demonstrar no campo de futebol, foi o que fez. Ismael Shradi, considerado um dos melhores médios-ofensivos da Major League Soccer (MLS), podia ter sido internacional pela Suíça ou pela Áustria, mas as duas nações alpinas nunca foram opção para ele. Shradi só podia ser internacional pela Líbia porque foi uma promessa que fez aos pais.

Tenho passaporte austríaco e cresci na Áustria – adoro a Áustria. Mas sei que sou líbio. Os meus pais são líbios, é a minha herança. Foi um sonho realizado”, contou à BBC Shradi, médio-ofensivo do New York City FC, pelo qual teve uma época de estreia muito promissora em 2018, com 12 golos marcados. Foi a sua mudança para os EUA que o projectou para a selecção líbia, depois de toda uma carreira feita entre o Áustria de Viena e o SCR Altach (por empréstimo dos vienenses). Cumpriu em Agosto do ano passado a primeira de três internacionalizações pela Líbia, todas como titular e todas na qualificação para a Taça das Nações Africanas deste ano. A próxima virá a 22 de Março próximo, em que uma vitória líbia sobre a África do Sul dará a qualificação para o torneio que se realiza no Egipto.

“O dia em que me estreei foi muito especial para a minha família, que me tem apoiado ao longo destes anos. E ficaram tão felizes quando souberam que eu tinha sido chamado para a selecção...”, revelou este filho de um diplomata líbio que estava na Suíça quando Ismael nasceu e que cumpriu mais uma comissão de serviço na Áustria, estando actualmente integrado na missão diplomática líbia em Belgrado, na Sérvia. À distância e com diferenças horárias significativas – em Nova Iorque são menos sete horas do que em Tripoli e menos seis que em Belgrado – Ismael está sempre ao telefone com a família: “Depois de cada jogo, ligo ao meu pai, à minha mãe, ao meu irmão e eles dizem-me o que correu bem, o que correu mal."

Em 2018, foi o segundo melhor marcador da equipa, apenas atrás de David Villa, e considerado a melhor contratação da equipa, e, com a saída do “Guaje” para o futebol japonês, o líbio de 24 anos tem tudo para assumir o papel principal nos nova-iorquinos na nova época, que se inicia na próxima semana. E isto é mais um sinal de que a MLS está a mudar.

Ainda vão jogando algumas “estrelas” de idade avançada, como Zlatan Ibrahimovic, Wayne Rooney ou Nani, recentemente contratado pelos Orlando City. Mas há cada vez mais espaço para “estrelas” “made in America”, como o canadiano Alphonso Davies, que foi da MLS para o Bayern Munique, ou o paraguaio Miguel Almirón, transferido do Atlanta United para o Newcastle por 15 milhões. Como Ismael Tajouri-Shradi joga numa equipa que faz parte do mesmo universo empresarial do Manchester City, quem sabe Pep Guardiola não está atento.

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