China elogia "calma" de Nicolás Maduro mas teme violência no sábado

Operação de entrega de alimentos e medicamentos pela oposição pode causar "violência e confrontos". Pequim avisa que se opõe a uma intervenção militar na Venezuela.

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A oposição vai tentar distribuir os alimentos e medicamentos enviados pelos EUA e Brasil LUSA/ERNESTO GUZMAN JR

O governo chinês avisou nesta sexta-feira que a tentativa de fazer entrar na Venezuela alimentos e medicamentos que estão na fronteira com a Colômbia pode causar uma onda de violência.

Geng Shuang, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, elogiou o governo venezuelano por se "manter calmo".

"Se forçarem a entrada da chamada ajuda humanitária, e se isso depois causar violência e confrontos, as consequências serão graves. E isso é uma coisa que ninguém quer", disse o responsável na conferência de imprensa diária do Ministério.

O porta-voz sublinhou que a China se "opõe a uma intervenção militar na Venezuela, e a quaisquer actos que causem tensão ou até mesmo agitação".

A China e a Rússia são os dois mais poderosos aliados do Presidente Nicolás Maduro. Na última década, Pequim enviou mais de 50 mil milhões de dólares para a Venezuela, através de empréstimos em troca de petróleo.

E é precisamente esse o argumento usado pelo líder da oposição, Juan Guaidó, para tentar convencer Pequim e Moscovo a afastarem-se de Maduro – segundo disse, uma transição de poder é a única forma de garantir que os empréstimos são pagos.

Mas a situação no país pode agravar-se nas próximas horas. Na quinta-feira, o Presidente venezuelano mandou encerrar a fronteira com o Brasil e ameaçou fazer o mesmo em relação à Colômbia, onde estão armazenadas toneladas de alimentos e medicamentos enviadas pelos EUA e pelo Governo brasileiro.

Juan Guaidó, o líder da Assembleia Nacional venezuelana e Presidente interino reconhecido por mais de 50 países, vai coordenar este fim-de-semana uma operação que tem como objectivo distribuir essa ajuda pela população da Venezuela.

Maduro nega a existência de uma crise humanitária no país e acusa a oposição de estar ao serviço dos EUA numa campanha para forçar a sua saída do poder.  

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