Linha do Douro vai continuar interrompida por mais um mês

As obras no troço Caíde – Marco deveriam estar concluídas em 26 de Fevereiro, mas só em Abril haverá comboios a passar. Trabalhos vão prolongar-se até Maio.

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LUSA/OCTAVIO PASSOS

Foi em 27 de Julho, em cerimónia presidida pelo então ministro Pedro Marques, que a Infraestruturas de Portugal consignou a empreitada para a modernização do troço Caíde – Marco na linha do Douro. O prazo de execução era de 215 dias e previa que a linha estivesse interrompida três meses (Dezembro, Janeiro e Fevereiro) para se fazerem obras no túnel de Caíde.

Se tudo corresse bem, no dia 26 de Fevereiro aquele troço de 15 quilómetros deveria reabrir com comboios eléctricos a circularem directamente do Porto até Marco de Canavezes.

Mas em Portugal o normal é as obras ferroviárias atrasarem-se e esta não foi excepção. Os trabalhos no túnel vão prolongar-se por mais um mês, obrigando a CP a manter o serviço de transbordo rodoviário entre Caíde e Marco. Mas, mesmo quando o troço reabrir, vão continuar a circular comboios a diesel por mais uns meses porque a electrificação ainda não estará terminada.

A empreitada desta modernização foi adjudicada por 10 milhões de euros a um consórcio formado pela Opway, Promorail, DST, DTE e Alstom.

Na apresentação realizada em Julho, em Marco de Canavezes, a Infraestruturas de Portugal justificava o encerramento da linha com dois motivos: “menor prazo de execução (antecipação da conclusão em cerca de cinco meses) e menor custo da empreitada (redução de 40% face à estimativa inicial”.

A empresa respondia assim aos autarcas da região que discordaram de uma solução que cortava ao meio a linha do Douro, deixando um troço aberto entre Porto e Caíde e outro, isolado do resto da rede ferroviária, entre Marco e Pocinho. Esse isolamento ainda é maior porque a CP aproveitou para reduzir a oferta neste troço em mais de 50%, mantendo para a Régua uma espécie de “serviços mínimos” com apenas seis comboios em cada sentido (antes do encerramento eram 13 em cada sentido).

As vicissitudes do troço Caíde – Marco já vêm detrás e remontam a 2009 quando a então secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, anuncia um investimento de 70 milhões de euros para a modernização deste troço. O projecto seria suspenso no ano seguinte e em 2014 é lançado um concurso público para uma obra mais modesta (6,4 milhões de euros) que contemplava apenas a electrificação da linha e instalação de sinalização automática.

Três anos depois, as obras param. Devido a problemas financeiros, o empreiteiro - o consórcio espanhol Isolux Corsan - não consegue realizar as obras e a Infraestruturas de Portugal acabaria por lançar novo concurso público que culminaria na consignação à Opway da actual empreitada de 10 milhões de euros.

O actual projecto corrige erros técnicos dos anteriores, sobretudo no túnel de Caíde onde se pensava que bastava rebaixar a linha para se colocar a catenária no seu tecto sem cuidar que esta solução provocava danos na estrutura da galeria. Ainda assim, as obras dentro do túnel têm-se revelado mais difíceis do que era esperado devido a problemas de geotecnia imprevistos. Neste momento, os trabalhos decorrem durante 24 horas por dia, seis dias por semana.

Contactada pelo PÚBLICO, a Infraestruturas de Portugal diz que “desta situação, que apenas foi susceptível de identificar com o desenvolvimento da obra, foi já dado conhecimento aos operadores ferroviários, autarquias e associações de utentes e empresariais da região”.

O PÚBLICO perguntou à CP se já conhecia uma data prevista para a reabertura da linha do Douro, mas a empresa não respondeu.

A expectativa é que em finais de Março o túnel reabra e os comboios possam voltar a circular directamente do Porto para o vale do Douro, mas, quanto à electrificação, só haverá comboios eléctricos a chegar a Marco de Canavezes em Abril ou Maio.

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