Gin e sushi

Não o digo por snobice mas com pena: quantas pessoas que gostariam de verdadeiro gin ou de verdadeiro sushi não irão agora à procura deles porque foram desiludidas pelas versões falsificadas?

Com o sol vem a vontade de beber um gin tónico. É impossível estar a par de todos os novos gins. Vai-se ao thegincooperative.com para descarregar mapas giros com 200 gins de 80 produtores – e isso são só os gins escoceses. Quantos serão bons? Quantos serão gins, a saber a zimbro?

São escoceses dois dos meus gins favoritos – o Tanqueray Ten feito por Tom Nichol e o Hendrick's feito por Lesley Gracie. Esta destiladora incontornável acaba de lançar uma edição de apenas 5000 garrafas de Hendrick's Orbium, o primeiro gin quinado. Nunca saberei como é porque não há maneira de trazê-lo para Portugal.

É bom haver coisas que não se conseguem arranjar porque é horrível não ter vontade nenhuma de provar centenas de pseudo-gins com graduações de 20 graus, doces e licorosos, a saber a rebuçados e xaropes para a tosse.

Estas zurrapas são feitas para quem gosta de bebidas doces mas quer ter a pinta associada ao gin. Aconteceu a mesma coisa com o sushi. Como a palavra não é protegida pôde-se chamar sushi a tudo o que se quisesse sem qualquer ligação ao sushi tradicional japonês.

Não o digo por snobice mas com pena: quantas pessoas que gostariam de verdadeiro gin ou de verdadeiro sushi não irão agora à procura deles porque foram desiludidas pelas versões falsificadas?

Os gins britânicos estão a precisar de certificação, como se faz com os whiskies escoceses. As leis do gin já são notoriamente laxistas – o problema é que nem essas vagas indicações são obedecidas. Veja-se o que aconteceu ao sushi e chore-se.

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