A despromoção de uma óptima ministra
Qual a razão para a descida de vários patamares de Maria Manuel Leitão Marques após este último rearranjo eleitoral e governativo feito por António Costa?
Uma das melhores ministras do Governo socialista de António Costa acaba de ser despromovida para n.° 2 da lista para deputados às eleições europeias.
Maria Manuel Leitão Marques acompanha o trabalho político do actual líder socialista há vários anos e é por todos reconhecida pelo seu notável desempenho como ministra da Presidência. Qual a razão para esta sua descida de vários patamares após este último rearranjo eleitoral e governativo feito por António Costa?
Porque embora reconhecendo que há actualmente um grande problema político na União Europeia, com derivas nacionalistas que requerem um reforço político nestas eleições de 2019, a posição subalterna em n.° 2 de uma mulher, peso pesado do Governo, é aparentemente inexplicável. Será que a corrida eleitoral exige a força física masculina?
Porque é irritante vê-la substituída por um ministro com menos peso político e que ficou conhecido pelas acções de marketing aplicadas ao investimento público. Dá vontade de não votar em tal lista!
Só encontro um argumento favorável a tão incrível decisão política.
Por um lado, o novo rearranjo governativo de António Costa mostra uma deliberada e orientada sucessão política, com a ascensão da jovem rapaziada do PS a entrar em força no Governo.
Por outro lado, esta herança do exímio político António Costa pode ser justificada pela importância dos problemas europeus, que estão a pôr em causa o projecto político da União Europeia.
A futura presidência da Comissão Europeia deveria estar nas mãos de um, ou de uma, grande líder. A ideal seria Angela Merkel. Caso isso não possa acontecer, então diria a António Costa, avance! A defesa da União Europeia é um valor mais alto que se levanta.
Afirmo-o da mesma forma que lhe disse em 2015: em vez de se encarniçar para tomar conta da Carris e do Metro, veja lá se toma conta do PS e do Governo da Nação.
A resolução dos complexos problemas da União Europeia que agora se avizinham é uma boa razão política e um argumento de peso para a aparente despromoção da ex-ministra, que assim não será deputada europeia. Caso contrário, não tem qualquer justificação racional.