A Pele do Dragão: o catálogo da moda "azul e branca"
O livro é uma homenagem aos 125 anos do clube e aos coleccionadores de camisolas. Pinto da Costa tem 189 e uma delas é do Benfica.
O livro A Pele do Dragão foi lançado nesta quinta-feira na loja do FC Porto do Estádio do Dragão. Francisco Araújo, um comandante da TAP que “gosta de dizer que é apenas portista”, é o autor de uma obra que pretende assinalar os 125 anos do clube "azul e branco".
Na sessão de apresentação, figurou o escritor ao lado de Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do clube e autor do prefácio. Sérgio Conceição e outras velhas glórias do FC Porto, além de visitantes e jornalistas, assistiram ao lançamento de uma obra com mais de 400 páginas, na qual estão compiladas as várias camisolas azuis e brancas envergadas pelos “dragões”.
Antes de Francisco Araújo folhear as páginas de um projecto que implicou mais de três anos de trabalho, Júlio Magalhães deu as boas-vindas aos espectadores. O director-geral do Porto Canal sublinhou o significado da camisola, uma “referência de um clube”. “No FC Porto, nos últimos anos, por muitas cores que as camisolas tenham tido, a verdade é que o azul e branco é sempre um regresso às origens de todos os adeptos”, frisou Júlio Magalhães.
O escritor presta uma homenagem ao “dragões” com uma colecção dos vários uniformes azuis e brancos ao longo dos anos. Para Francisco Araújo, à semelhança da farda militar ou da armadura, o equipamento de futebol é também um símbolo. “Se fosse possível retratar a camisola número um, que foi utilizada no dia zero, até à que é utilizada hoje em dia, através da ilustração de todas as camisolas, a gente consegue fazer a descrição da história do clube”, defendeu o autor do livro.
O piloto vestiu a pele de investigador durante dois anos. Consultou livros, jornais e revistas na Biblioteca Municipal do Porto e contactou com vários coleccionadores de desporto, de maneira a espelhar a paixão pelo coleccionismo de camisolas nas quatro centenas de páginas do livro. Francisco Araújo manifestou especial apreço pelas camisolas da década de 1950, de gola alta.
A obra ilustra não só os equipamentos, como descreve curiosidades e especificações técnicas acerca de cada um, como as camisolas de 300 gramas da primeira metade do século ou a introdução dos nomes nas costas nos anos 1990. O FC Porto foi ainda a primeira equipa portuguesa a colocar publicidade nos equipamentos, numa parceria com a empresa de cerâmica Revigrés.
Inicialmente, Pinto da Costa não gostou muito da ideia de ter publicidade nas camisolas, mas “deixou de incomodar”. “Era uma necessidade face a tempos difíceis”, realça o líder do FC Porto. Ao longo da presidência, guardou 189 camisolas, capazes de contarem a sua história à frente dos “dragões”. Entre elas há uma do Benfica. Tratou-se de um presente, de António Simões, antigo jogador das "águias", “com uma dedicatória e um abraço amigo”. ”É uma camisola que vale por todas”, referiu o presidente do FC Porto.
Azul e branco é de tal maneira a combinação preferida de Pinto da Costa, que não gosta das camisolas alternativas, mesmo sendo “muito bonitas”. Contudo, admite serem “um mal necessário e obrigatório” nos confrontos com formações que enverguem cores semelhantes. O presidente do FC Porto garante ainda que o vermelho não é opção: “Quando o céu mudar de cor, quando passar a ser vermelho, nós mudamos para o vermelho. Enquanto o Inferno se mantiver vermelho, nunca nós teremos vermelho”.
A presença do “vermelho" no discurso do líder portista não tardou em suscitar perguntas relativamente ao processo que o Benfica instaurou ao FC Porto por “acusações falsas e absurdas”. Perante essa questão, Pinto da Costa disse que não podia responder, uma vez que não é “especialista em questões jurídicas”.
Sérgio Conceição recordou ainda os primeiros tempos de um “amor inexplicável” na formação azul e branca. “Falar do símbolo e das cores do FC Porto é sempre um orgulho muito grande. Lembro-me que cheguei aqui com 15 anos e que aprendi a amar esta camisola e este símbolo. Para mim, sem dúvida que não é difícil passar aos jogadores o que significa ser o FC Porto”, contou o treinador dos “dragões”. Rui Barros, Lima Pereira, Frasco, Fernando Gomes, Areias, João Pinto e António André foram outros dos antigos atletas que também romantizaram várias memórias com o símbolo do FC Porto ao peito.
No final da sessão, Francisco Araújo recebeu uma camisola oficial das mãos de Pinto da Costa, com o número 125 estampado, numa alusão ao aniversário do clube. Texto editado por Nuno Sousa