Juan Guaidó nomeou o seu representante em Portugal

Guaidó nomeou representantes nos 15 países europeus que o reconheceram como Presidente interino da Venezuela. Maduro chama-lhe "palhaço" e desafia-o a convocar eleições.

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Juan Guaidó RAUL MARTINEZ/EPA

O Presidente interino da Venezuela nomeou na terça-feira José Rafael Cotte como seu representante em Portugal. O embaixador de Caracas constante da lista de corpo diplomático acreditado em Portugal é Lucas Rincón Romero, que apresentou credenciais em 24 de Outubro de 2006.

Na sessão de apoio ao governo de Maduro, que aconteceu no dia 1 de Fevereiro na Casa do Alentejo, em Lisboa, Romero disse que "a Venezuela está a ser atacada por todos os lados, por governos que se crêem amos do mundo". Garantiu que existem “luso-venezuelanos que dão a vida pela revolução” e lembrou que “7% dos membros das Forças Armadas têm origem portuguesa”: “É preciso ter cuidado porque quando as bombas começarem a cair, não vão cair apenas em cima dos chavistas ou dos venezuelanos puros.”

Juan Guaidó dediciu nomear diplomatas para representarem a Venezuela em 15 países europeus e também na República Dominicana e na Austrália - todos os que o reconheceram como chefe de Estado interino.

Do grupo de representantes anunciado por Guaidó, destaque ainda para a escolha de Antonio Ecarri, vice-presidente do partido Acção Democrática, como representante em Espanha. Na Europa, nomeou "embaixadores" na Alemanha, França, Malta, Suécia, Áustria, Dinamarca, Suíça, Reino Unido, Bélgica, Luxemburgo, Roménia, Andorra, Holanda. A Polónia também o reconheceu, mas a escolha de um representante foi adiada a pedido dos deputados. Nas últimas semanas, Guaidó nomeou representantes diplomáticos em 13 países da América no Norte e do Sul.

Também na terça-feira, os embaixadores de Espanha, França, Alemanha, Itália e Reino Unido na Venezuela anunciaram uma promessa de ajuda no valor de 18 milhões de dólares (16 milhões de euros) para medicamentos e alimentos.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de Janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, de 35 anos, prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou mais de 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.

"Há por aqui um palhaço"

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, instou Guaidó a convocar eleições presidenciais antecipadas, sublinhando estar seguro que o derrotaria.

"Há por aqui um palhaço que diz ser Presidente interino. A primeira coisa que deve fazer um Presidente interino é convocar eleições. Porque não convoca eleições, para o derrotar já com os votos do povo?", declarou durante uma cerimónia de graduação de médicos em Caracas.

Segundo Maduro, "a Venezuela está no epicentro geopolítico mundial, entre a disputa de uma visão imperial unipolar agressiva, do império 'gringo' [americano] e a visão democrática multipolar de convivência, harmonia e de diálogo dos povos do mundo".

A realização de eleições presidenciais antecipadas é uma das promessas do autoproclamado Presidente interino, que acusa Nicolás Maduro de estar a usurpar o poder.

A oposição - e os países que reconheceram Guaidó - não reconhece o resultado das eleições presidenciais de Maio de 2018, que diz terem sido irregulares. 

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