Um chá perfeito

Não percebo a despesa e a trabalheira que as pessoas estão dispostas a investir para evitar despejar as folhas do bule

O chá preto de folha solta e inteira, feito num bule, é sempre preferível ao chá feito com saquetas. Já fiz a experiência dezenas de vezes com os mesmos chás. Ao chá de saqueta – mesmo os de luxo da Mariage – faltam sabores.

As folhas de chá precisam mesmo de circular dentro da água para a extracção ser perfeita. Basta fazer umas experiências para determinar a temperatura da água, o tempo da infusão e a quantidade de chá. Comece-se com três medidas de chá num bule de um litro, com a água a 95 graus e uma infusão de três minutos. Depois é só afinar até o chá estar como mais gosta.

Há muitas bugigangas para conter o chá dentro do bule. Têm a vantagem da limpeza – é só tirar a bolinha para parar a infusão. O pior é que restringem a circulação das folhas e o chá fica com o sabor insípido e agressivo das saquetas.

Não percebo a despesa e a trabalheira que as pessoas estão dispostas a investir para evitar despejar as folhas do bule. Não custa nada nem leva tempo nenhum. É uma lavagem agradável e perfumada.

O único problema é que muitos chás "fogem" depois da infusão inicial. O chá fica amargo, forte e guisado. A Maria João resolveu o problema com dois bules: um para a infusão e outro para servir, isento de folhas. Só se tem de ter o cuidado de escaldar bem ambos os bules.

Dantes apressávamo-nos a beber a primeira chávena porque a segunda é que era boa – e a terceira já estava amarga e "fugida". Resultado: só uma chávena era boa. Com a filtragem interbuleira não há pressa e todas as chávenas são deliciosas.

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