Depois de defender o "Brexit", o homem mais rico do Reino Unido muda-se para o Mónaco

O fundador da empresa de produtos químicos Ineos, Jim Ratcliffe, é considerado o empresário mais rico do Reino Unido. A Ineos vai mudar a sua morada para outro país para fugir aos impostos. E não está sozinha.

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Jim Ratcliffe numa conferência de imprensa em Londres REUTERS

Jim Ratcliffe, o homem mais rico do Reino Unido e fundador da multinacional de produtos químicos Ineos, está a planear mudar-se para o Mónaco juntamente com dois dos seus principais executivos para poupar até 4 mil milhões de libras (4,6 mil milhões de euros) em impostos.

Segundo o Sunday Times, a companhia avaliada em 35 mil milhões de libras (40 mil milhões de euros) está a trabalhar em conjunto com especialistas fiscais da PricewaterhouseCoopers (PwC) para criar uma estrutura capaz de reduzir drasticamente os impostos pagos pela Ineos.

A multinacional teve um lucro de 2,2 mil milhões de libras (2,5 mil milhões de euros) no ano passado e emprega quase 19 mil pessoas. Os seus dois principais executivos, Andy Currie e John Reece, detêm cada um 20% da empresa e também estão envolvidos no plano de pagar menos impostos. Ratcliffe detém os restantes 60%.

Antes do referendo, a frase do fundador da multinacional colocou-o do lado daqueles que apoiavam a saída do Reino Unido da União Europeia (UE). Em 2016, disse aos britânicos para "nunca se esquecerem" que o país tem "um conjunto de cartas decentes", sugerindo que o Reino Unido tinha trunfos na manga para as negociações da separação com a UE. 

A notícia de que Ratcliffe se estava a prepara para mudar a morada fiscal da Ineos para o principado que é livre de impostos já circulava nos meios de comunicação britânicos desde o ano passado, mas só este ano foi revelada a quantia que podia poupar com a mudança.

Já em 2010, o fundador da multinacional decidiu transferir a sede oficial da Ineos para a Suíça durante seis anos depois de uma disputa com o governo também por causa dos impostos.

Ratcliffe foi classificado como a pessoa mais rica do Reino Unido em Maio de 2018, depois de ter contactado o editor da lista elaborada pelo Sunday Times, afirmando que nas informações divulgadas "a sua riqueza tinha sido drasticamente subestimada", revela o The Guardian. Depois do incidente e de ter dado acesso às suas contas e às da Ineos ao Sunday Times, passou para do 18.º lugar para o topo da lista. A sua riqueza está estimada em 21 mil milhões de libras (24 mil milhões de euros).

A decisão da saída da empresa surge depois de James Dyson, também defensor do "Brexit", ter decidido transferir a sua empresa para Singapura. Outras empresas de vários sectores têm considerado um cenário semelhante. A fabricante de aeronaves Airbus ameaçou reconsiderar os investimentos e a presença no Reino Unido se a ilha britânica sair da União Europeia em 2019 sem um consenso quanto aos acordos comerciais. Caso não haja consenso, o resultado será “catastrófico” para toda a indústria britânica, disse a empresa em Julho.

Num inquérito realizado em 2016, um quinto dos administradores de empresas britânicas pensava deslocalizar parte da actividade para outro país e cerca de dois terços consideravam que a escolha de sair da UE é negativa para os negócios.

Também em preparação para essa possibilidade, alguns produtores estão a enviar os seus produtos em grandes quantidades numa tentativa de aumentar os seus stocks no país.

A saída também está a preocupar a vizinha Irlanda, um dos países mais afectados pelo "Brexit" e que mais sofreriam os efeitos de uma saída em acordo.

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