Atentado em Caxemira foi o maior das últimas décadas

Morreram pelo menos 44 paramilitares indianos na zona disputada entre a Índia e o Paquistão.

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Autocarro destruído após o ataque em Caxemira Younis Khaliq/REUTERS
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Protestos na Índia contra o Paquistão após o atentado RAMINDER PAL SINGH/EPA
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Foram destruídos carros nos protestos em Caxemira contra o atentado Mukesh Gupta/REUTERS

Um bombista suicida atirou um carro contra um autocarro onde viajavam polícias paramilitares indianos na zona de Caxemira, matando 44 polícias. O atentado foi reivindicado por um grupo islamista paquistanês.

O Governo indiano acusou o Paquistão de permitir que estes grupos operem, o Governo paquistanês negou qualquer ligação ao ataque: a tensão entre os dois vizinhos subiu. Após a notícia do ataque, houve motins em protesto e carros vandalizados por multidões em fúria na zona de Caxemira dominada pela Índia, onde acabou por ser imposto um recolher obrigatório.

"Daremos uma resposta apropriada. Não permitiremos ao nosso vizinho que nos desestabilize", declarou o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, num discurso.

A zona de Caxemira é um dos pontos centrais de décadas de hostilidade entre a Índia e o Paquistão, mesmo antes da independência de ambos em Agosto de 1947. Cada um dos países controla uma parte da região de maioria muçulmana. Mas há décadas que não havia um atentado tão grave.

A explosão de quinta-feira foi ouvida a vários quilómetros, e testemunhas disseram que nunca tinham ouvido um barulho tão grande.

“Pedimos ao Paquistão para parar de apoiar terroristas e grupos terroristas que operam com base no seu solo, e que desfaçam a infra-estrutura operada por terroristas para lançar ataques noutros países”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Índia em comunicado, horas após o ataque.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Paquistão disse que o ataque era uma questão “muito preocupante”, mas rejeitou “qualquer insinuação de membros do Governo indiano e círculos dos media que tentem ligar o ataque ao Estado do Paquistão sem investigações”.

“A nação está com as famílias dos mártires”, tweetou o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. “Os sacrifícios das nossas corajosas forças de segurança não terão sido em vão.”

Modi tem tido acção forte contra o terrorismo: em 2018, 253 membros de grupos terroristas foram mortos pelas forças de segurança, mais do dobro do número dos mortos em 2015, segundo os dados do Ministério do Interior.

Uma análise da Bloomberg notava que o autor do atentado era local, e que na década antes da tomada de posse de Modi em 2014, a militância islamista local em Caxemira tinha praticamente morrido. Mas ressurgiu nos últimos anos, "alimentada por uma série de acções cínicas do Governo de Nova Deli com o objectivo de aumentar a sua popularidade no resto da Índia". 

O último ataque na região tinha acontecido há mais de dois anos, depois de militantes armados terem atacado uma base militar matando pelo menos 18 pessoas.

Desde 1989, morreram mais de 47 mil pessoas no conflito – este número não inclui, no entanto, desaparecidos, e algumas organizações não-governamentais dizem que o número real é o dobro.

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