Carlos Moedas: “Nós éramos duríssimos com a EDP”

“Eles não teriam coragem de vir ter comigo com um decreto-lei, porque iria parar ao balde do lixo”, afirmou hoje Carlos Moedas, ex-secretário de Estado Adjunto do Governo de Pedro Passos Coelho

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daniel rocha

O ex-secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro Carlos Moedas afirmou hoje no parlamento que a EDP saía “sempre cabisbaixa” das reuniões com o governo de Passos Coelho para redução dos apoios à produção.

Em audição na comissão parlamentar de inquérito ao pagamento de rendas excessivas aos produtores de electricidade, via 'Skype', questionado várias vezes sobre as reuniões com a EDP, Carlos Moedas disse que esteve “várias vezes com a EDP” e "com várias pessoas” da empresa.

Responsável no governo de Passos Coelho pelas relações com a “troika”, adiantou que “normalmente estava no início da reunião e depois saía” e prosseguiam com sua equipa “em quem podia confiar”, recordando que os seus elementos eram “duríssimos”, nomeadamente Pedro Ginjeira, que “sabia rebater os argumentos” apresentados pela eléctrica contra as medidas a implementar para reduzir os custos do sector e o défice tarifário.

“É interessante que o que me lembro muito bem é que nós éramos duríssimos com a EDP. [...] Lembro-me de a EDP sair dessas reuniões sempre cabisbaixa. Aqueles que estão na EDP podem olhar para outros governos e gostar deles, dos nossos acho que nunca gostaram. Essa foi a relação que tivemos com as reuniões com a EDP”, declarou.

O comissário europeu desvalorizou as missivas enviadas pelo então presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP, Eduardo Catroga, considerando que “o doutor Catroga gosta de deixar as coisas por escrito e que escreve as suas cartas”.

“Acho normal que nos enviassem muitas cartas da sociedade portuguesa, uns muito zangados, outros só zangados”, acrescentou, referindo que o seu papel era o de “proteger o primeiro-ministro” e, por isso, cabia-lhe “receber as pessoas desta área [da energia] que vinham falar e apresentar propostas”, acrescentou.

Já confrontado com a possibilidade de o decreto-lei 35/2013, que alterou o regime remuneratório aplicado a centros electroprodutores, ter sido redigido pela EDP, Carlos Moedas garantiu: "Eles não teriam coragem de vir ter comigo com um decreto-lei, porque iria parar ao balde do lixo".

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