Há mais cartões de crédito em Portugal, mas a taxa de utilização caiu

Uso de cartões de débito atinge valor mais elevado desde 2008, com subida mais expressiva na faixa etária acima dos 65 anos.

Foto
Maioria dos inquiridos usa cartões de crédito para compras nos supermercados, restauração e viagens Pedro Cunha/Arquivo

Pela primeira vez desde 2010, a taxa de penetração dos cartões de crédito aumentou em Portugal e situa-se, agora, nos 32,3%. Depois de dois anos em queda, a presença destes cartões no mercado cresceu 2,1 pontos percentuais em 2013, em comparação com 2012, e aproxima-se dos valores registados um ano antes da chegada da troika (era de 32,4% em 2010). Os dados constam do estudo “Comportamento Financeiro dos Particulares em Portugal 2013”, elaborado pela MasterCard e a que PÚBLICO teve acesso. E mostram que, apesar deste crescimento, a utilização dos pagamentos a crédito caiu 1,3 pontos percentuais face ao ano passado, para 67,8%.

“Os [bancos] emissores portugueses aumentaram a intensidade de venda de produtos de crédito. O programa de assistência forçou a desalavancagem da actividade bancária e essa pressão foi aliviada este ano. Os bancos começaram a olhar de novo para produtos de crédito”, explica Paulo Raposo, responsável pela Mastercard em Portugal. No entanto,  taxa de utilização destes cartões - que têm associado um limite máximo de crédito (plafond) previamente estabelecido - tem vindo a descer desde 2008, ano em que chegava aos 74,7%. Em 2011 atingiu o menor valor de sempre (59,6%), recuperando no ano seguinte para 69,1%. Em 2013 voltou a recuar até aos 67,8%.

Ao mesmo tempo, o uso de cartões de débito está disseminado e registou, em 2013, a mais alta utilização desde 2008. De acordo com o estudo, 97,9% dos inquiridos utilizam este sistema de pagamento. “A descida do uso de cartões de crédito, em conjunto com a subida na utilização de cartões de débito pode indicar uma mudança nos hábitos dos consumidores”, lê-se no documento. Paulo Raposo explica ainda que, em 2010, houve uma “transferência de preferência do crédito para o débito”, que se mantém.

Alimentação, restauração, viagens e lazer são os sectores onde se faz o maior número de pagamentos a crédito. A introdução de cartões pré-pagos, como os de refeição dados pelas empresas em alternativa ao subsídio de alimentação, veio “alargar a base de utilização”, acrescenta. A maior parte dos utilizadores são homens, têm entre 55 e 65 anos e são da classe média/alta. Concentram-se na área da Grande Lisboa ou no Litoral Norte.

Cerca de 46,7% dos inquiridos usa o cartão de crédito menos do que uma vez por mês (42,2% em 2012) e 16,7% recorre a este meio de pagamento uma ou mais vezes por semana (19% o ano passado).

Já nos pagamentos com cartões de débito, não há grandes alterações substanciais nos hábitos de utilização ou penetração de mercado. “É uma preferência absoluta e onde Portugal está próximo da plenitude. Cerca de 88,2% dos inquiridos com mais de 15 anos usam. Entre os 25 e os 34 anos a taxa de utilização geral é de 100”, descreve Paulo Raposo.

Há, contudo, um dado novo: na faixa etária acima dos 65 anos a penetração do cartão de débito subiu de 67,6% para 72,5%. O envelhecimento da população ajuda a explicar este resultado, além de um maior número de população jovem que emigrou, diz.

Os cartões são um hábito enraizado em Portugal, mas para o responsável pela Mastercard ainda há espaço para crescer. “Em 60% das transacções o dinheiro prevalece”, ilustra, acrescentando que o crescimento dos pagamentos online e as novas soluções para transacções, sem recurso aos tradicionais terminais, também poderão potenciar o uso de cartões e novas soluções como o MasterPass, um serviço digital para pagar online que a empresa vai lançar em 2014 em Portugal.

 

 

Sugerir correcção
Comentar