Se Carlos Costa teve "acção indevida muito descuidada" na Caixa deve deixar cargo, diz Carlos César

Presidente do PS lembra que dentro de uma semana haverá três inquéritos em curso - o da auditoria do Governo, o do Ministério Público e o da comissão parlamentar que será aprovada amanhã. Se se provar que houve uma acção "inadequada", o governador do Banco de Portugal deve "tirar as suas conclusões", avisa Carlos César.

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Enric Vives-Rubio

É com alguns "se" que o presidente do PS compõe as frases sobre o então administrador da Caixa Geral de Depósitos e actual governador do Banco de Portugal, mas o recado final é directo: caso se prove que Carlos Costa teve "uma acção indevida muito descuidada", então deve sair do cargo. Pelo seu pé ou por indicação do Governo.

Escusando-se a dizer se votará a favor do projecto de resolução do Bloco que recomenda a exoneração de Carlos Costa do cargo de governador do Banco de Portugal, Carlos César preferiu realçar que decorrem actualmente inquéritos à Caixa Geral de Depósitos - um a pedido do Governo para apurar as responsabilidades civis dos ex-gestores e ex-administradores do banco público e outro do Ministério Público - a que se virá juntar a comissão parlamentar de inquérito que será aprovada amanhã (sexta-feira) e deverá estar concluída em Julho.

"Temos este espaço para procurar indagar responsabilidades, apurar responsáveis e tudo o que se passou. E naturalmente que se a acção do actual governador do Banco de Portugal, enquanto administrador da Caixa, for tipificada como uma acção inadequada, pois evidentemente o sr. governador terá que tirar conclusões dessa matéria senão o poder executivo deverá antecipar-se nessas conclusões", defendeu Carlos César quando questionado pelos jornalistas no final da reunião semanal da bancada parlamentar do PS.

E essas conclusões incluem um pedido de demissão de Carlos Costa: "Se se verificar que o governador do Banco de Portugal teve uma acção indevida muito descuidada enquanto administrador da CGD" ou teve "responsabilidades salientes", então "não pode deixar de haver outra recomendação que não a da sua saída do cargo", especificou, admitindo que isso possa acontecer mesmo antes do fim do mandato, previsto para 2020.

Já na quarta-feira, Carlos César admitira, na TSF, que um processo para destituição de Carlos Costa por iniciativa do Governo é algo demorado e não teria efeitos práticos antes do fim do mandato. Daí que agora insista nesta ideia de colocar o ónus da decisão de sair no próprio governador.

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