EMEL quer saber se Lisboa precisa de mais parques de estacionamento

Empresa municipal diz que este é o estudo mais abrangente que já promoveu e visa perceber se o estacionamento na cidade corresponde às "necessidades e preferências dos utentes".

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Miguel Manso

Uma radiografia ao estacionamento da cidade, para perceber o que existe e se isso é adequado e suficiente para as necessidades lisboetas. É isto que a Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL) pretende com um estudo que vai agora começar e deve estar pronto daqui a meio ano.

Há 15 dias, a empresa lançou um concurso público para a “prestação de serviços de consultoria para elaboração de estudo de necessidades de Parques de Estacionamento na cidade de Lisboa”. O prazo para a entrega de propostas termina esta quarta-feira. O valor-base é de 200 mil euros e o preço é o único critério de adjudicação, de acordo com o anúncio publicado em Diário da República a 28 de Janeiro.

A EMEL quer “uma caracterização e um diagnóstico das necessidades de estacionamento na cidade de Lisboa, com vista à estruturação da rede de parques de estacionamento da EMEL, adequando-a às exigências da cidade e necessidades e preferências dos utentes”, diz fonte oficial da empresa, questionada pelo PÚBLICO.

“A EMEL já oferece à cidade um conjunto de parques de estacionamento com diferentes tipologias (para residentes, dedicados à rotação, mistos e dissuasores), mas continuam a existir carências de estacionamento, de diversas naturezas, e importa identificar em que áreas específicas essas carências existem e são mais acentuadas para que se possa equacionar a disponibilização de novos parques de estacionamento”.

Actualmente, a empresa municipal tem 35 parques de estacionamento. O maior é o da Cidade Universitária (620 lugares), seguindo-se os da Ameixoeira (501 lugares), Colégio Militar (415), Alto dos Moinhos (279) e Rego (238), havendo ainda vários com cerca de 200 lugares. Além disso, a EMEL gere os lugares na via pública em grande parte da cidade e tem a ambição de chegar a todas as freguesias no próximo ano.

O estudo agora desencadeado vai ter em conta esta realidade, mas vai igualmente debruçar-se sobre os parques geridos por empresas privadas. “Não nos podemos esquecer de que os players privados têm um peso significativo nesta temática. O estudo terá, por isso, de analisar a procura e oferta de estacionamento em toda a cidade de Lisboa, na via pública e em parques (de gestão pública e privada), com vista a identificar onde é importante reforçar a oferta de lugares em parques de estacionamento”, diz a mesma fonte.

A empresa, justificando a necessidade deste trabalho, diz ainda que “não há na EMEL nenhum estudo com a mesma abrangência” e que “não dispõe de dados exaustivos da oferta e procura de estacionamento nas áreas em que não opera”. “Os dados de procura das zonas em exploração são insuficientes para compreender na totalidade as dinâmicas de estacionamento, designadamente no que respeita aos comportamentos da ocupação ao longo do dia e à forma como esta se articula entre a via pública e os parques”, refere a fonte oficial.

O estudo será feito exclusivamente pela empresa que vier a ganhar o concurso público, embora a EMEL refira que “serão activamente envolvidos no estudo os elementos da Direcção de Planeamento e Controlo de Gestão e de outras direcções da empresa consoante as temáticas abordadas.”

Inicialmente apenas focada na gestão do estacionamento, a EMEL tem vindo a ganhar novas competências e preponderância na cidade. Estiveram a seu cargo, entre outras, as empreitadas de reabilitação do Campo das Cebolas (onde foi construído um parque subterrâneo) e do Cais do Sodré.

É também a EMEL a gestora das bicicletas partilhadas Gira, cuja primeira fase se prevê que esteja concluída no primeiro trimestre deste ano, já com muito atraso. A empresa ficou ainda responsável pela construção das novas ciclovias da cidade. Como dizia em Junho ao PÚBLICO o vereador das Finanças, João Paulo Saraiva, a EMEL tornou-se “um braço armado da câmara na gestão da mobilidade”.

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