EDP diz ser “prematuro” assumir responsabilidade por incêndio na Escola das Flores

Edifício inaugurado há cinco meses ficou inutilizado até finais de Abril. Autarquia garantiu que EDP já tinha assumido responsabilidades. Mas as autoridades ainda estão a investigar e não há conclusões

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Câmara investiu 960 mil euros na reabilitação da escola de Campanhã Inês Fernandes

As causas do incêndio que obrigou ao fecho da Escola Básica das Flores, em Campanhã, “estão por apurar” e a EDP considera “prematuro uma assunção de responsabilidades por parte da empresa”. A escola inaugurada por Rui Moreira em Setembro, e na qual o município investiu 960 mil euros, está encerrada desde a passada terça-feira e os 115 alunos foram transferidos temporariamente para outra unidade do mesmo agrupamento escolar.

Esta segunda-feira, em resposta ao PÚBLICO, a autarquia dizia que o incêndio tinha tido origem “no quadro eléctrico da EDP”. E garantia que o assunto estava arrumado no que a culpas diz respeito: “Embora estejam a decorrer as peritagens e outros procedimentos legais neste tipo de situação, e respectivos relatórios, a EDP já assumiu a responsabilidade e irá suportar os encargos necessários à intervenção a realizar para repor o normal funcionamento da escola.”

Mas isso não aconteceu. A EDP Distribuição confirmou ter-se deslocado ao local na sequência do incêndio. E explica a extensão dos prejuízos, uma versão também diferente da explanada pela autarquia: “Os danos identificados circunscreviam-se à portinhola, à caixa que aloja os transformadores de intensidade, ao contador de energia eléctrica e ao quadro geral da instalação de utilização.” A empresa pediu que os bombeiros e a PSP registassem o ocorrido e estas entidades estarão agora a apurar responsabilidades. Só depois de uma peritagem se poderá perceber qual a origem do incêndio e quem deve assumir culpas. Ao que o PÚBLICO apurou - e tendo em conta as especificidades do incidente em causa, onde os danos parecem incluir tanto equipamento da EDP como da própria escola -, não é incomum que os resultados sejam inconclusivos.

Para já, a EDP recorda que “só assume responsabilidade pela gestão da rede eléctrica até à portinhola, ou seja até à entrada de energia no edifício”. No interior, argumenta, cabe à entidade certificadora ou, depois da entrada em serviço, ao proprietário do espaço, verificar a conformidade da instalação eléctrica. “A responsabilidade pela conformidade da instalação dos circuitos eléctricos no interior das instalações, nomeadamente com valores de potência 6,9kVA, ou usos não residenciais, [como é o caso], cabe à entidade certificadora que a inspeccionou e passou o respectivo certificado”, conclui a empresa.

Os alunos da Escola Básica das Flores, entre os três e os dez anos, passaram o ano lectivo transacto a ter aulas em contentores, enquanto a autarquia reabilitava totalmente o edifício, no interior e exterior, uma obra há muito pedida pela direcção da escola e encarregados de educação. Em Setembro, na abertura do ano escolar, Rui Moreira inaugurou as instalações, sublinhando as “condições maravilhosas” do espaço. Depois do incêndio, as crianças foram transferidas para a escola da Lomba, também em Campanhã, e devem ficar por lá “até finais de Abril”.

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