Quem é quem no topo das listas às eleições europeias

Só o Livre e o PS ainda não anunciaram, formalmente, o seu principal candidato às europeias. Mas o nome socialista já é conhecido. Pedro Marques terá como adversários: Paulo Rangel (PSD), João Ferreira (CDU), Nuno Melo (CDS), Marisa Matias (BE), Marinho e Pinto (PDR), Francisco Guerreiro (PAN) e Paulo Sande (A).

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Eleições europeias são a 26 de Maio Nuno Ferreira Santos

O primeiro fim-de-semana após o anúncio de que Paulo Rangel será, de novo, o cabeça de lista do PSD às eleições de 26 de Maio foi marcado por um clima de pré-campanha. CDS, PSD, Bloco de Esquerda, PS e até Aliança aproveitaram para ensaiar discursos e lançar ideias. Catarina Martins já previu que vai haver "muito lixo" e "muitas mentiras a circular".

Até 16 de Fevereiro, data da Convenção Nacional do PS sobre a Europa, a realizar em Vila Nova de Gaia), não será formalmente apresentado o cabeça de lista do PS. Mas não há mistério: Pedro Marques, actual ministro do Planeamento e das Infra-estruturas, encabeçará a lista de socialistas que concorrem a um lugar no Parlamento Europeu.

Além do ministro (pelos principais partidos) há dois estreantes e cinco repetentes. Paulo Rangel (PSD), João Ferreira (CDU), Nuno Melo (CDS), Marisa Matias (BE) e Marinho e Pinto (PDR) voltam a entrar na corrida, enquanto Francisco Guerreiro (PAN) e Paulo Sande (A) tentam a sua sorte pela primeira vez.

Nestes oito partidos, há apenas uma mulher a encabeçar a lista: Marisa Matias, a candidata do Bloco de Esquerda, que está em Bruxelas e Estrasburgo desde 2009. António Costa não apostou num rosto feminino para o topo da sua lista, mas propôs à comissão política do partido "uma lista paritária 50/50" para o Parlamento Europeu, como já aconteceu em 2014.

Género à parte, a média de idades dos primeiros candidatos de cada lista fixa-se, em 2019, nos 48,6 anos. O mais novo é Francisco Guerreiro, do PAN, com 34, e o mais velho é Marinho e Pinto, do PDR, com 68 anos.

Outros partidos mais pequenos ainda não apresentaram os seus cabeça de lista. É o caso do Livre que se encontra em processo de eleições primárias para a escolha dos seus candidatos. "O processo termina a 3 de Março e aí anunciaremos o/a cabeça de lista do Livre às europeias", disse ao PÚBLICO Isabel Mendes Lopes, dirigente do partido.

Um a um, quem encabeça as listas

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Paulo Rangel

PSD: Paulo Rangel, 50 anos, advogado e eurodeputado

É a terceira vez que lidera a lista do PSD ao Parlamento Europeu. Nasceu em Vila Nova de Gaia e formou-se em Direito pela Universidade Católica Portuguesa. Em 2001 foi incumbido de elaborar o programa com o qual Rui Rio se candidatou, pelo PSD, à Câmara do Porto. Depois de uma passagem pelo Governo de Santana Lopes, Rangel foi eleito deputado pelo PSD em 2005 e foi escolhido por Manuela Ferreira Leite para líder da bancada em 2008. No ano seguinte, a presidente social-democrata indicou-o como cabeça de lista às europeias. Depois da saída de Ferreira Leite, Rangel disputou eleições no PSD contra Aguiar-Branco e Passos Coelho, tendo perdido para este último.

Curiosidade: Chegou a ser filiado no CDS-PP, a convite de António Lobo Xavier. No Governo de Santana Lopes, o ministro Aguiar Branco indicou-o para secretário de Estado-adjunto da Justiça. Nas eleições legislativas de 2005 foi integrado nas listas do PSD à Assembleia da República.

Quanto vale: O melhor resultado de Rangel nas europeias foi em 2009, quando 1,2 milhões de eleitores puseram a cruz no quadrado do PSD, fixando o resultado em 31,7%. Foram eleitos oito eurodeputados pelo PSD. S.R.

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Pedro Marques

PS: Pedro Marques, 42 anos, economista

É dos mais jovens candidatos ao Parlamento Europeu. Ministro do Planeamento e das Infra-estruturas de António Costa, Pedro Marques tem a sua primeira experiência na esfera governativa em 2001, quando assume funções de assessor do ministro do Trabalho e da Solidariedade, Vieira da Silva. De 2005 a 2011 assume o cargo de secretário de Estado da Segurança Social nos dois governos de José Sócrates. O candidato ao Parlamento Europeu integrou o grupo interministerial para a questão do envelhecimento da população e a sustentabilidade das finanças públicas. Natural de Lisboa, Pedro Marques tem experiência política e governativa, nomeadamente em questões europeias. Na qualidade de ministro do Planeamento e das Infra-estruturas tem assegurado a gestão dos fundos comunitários e foi ele quem fez a preparação e coadjuvou o primeiro-ministro na negociação do novo programa financeiro e orçamental da União Europeia, no âmbito do quadro de apoio de fundos comunitários para a década 20-30.

Curiosidade: Nas legislativas de 2011 liderou a lista de candidatos a deputado pelo PS pelo círculo eleitoral e Portalegre. Já foi vice-presidente da bancada parlamentar do PS.

Quanto vale: Em 2011, a lista do PS por si encabeçada, em Portalegre, ficou em segundo lugar com 32,43% dos votos - teve menos quatro votos do que o PSD. Ambos os partidos elegeram um deputado. Em 2009, porém, o PS tinha obtido 38,28%. M.G.

CDS: Nuno Melo, 52 anos, advogado e eurodeputado

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Nuno Melo

É a terceira vez que é candidato ao Parlamento Europeu. Nasceu em 1966 em Joane, Vila Nova de Famalicão, é licenciado em Direito pela Universidade Portucalense. O actual vice-presidente do CDS-PP é líder da distrital de Braga e estreou-se na Assembleia da República em 1999 - foi deputado durante dez anos. Liderou a bancada do CDS e tornou-se um dos mais destacados deputados na comissão de inquérito à nacionalização do BPN. Paulo Portas escolheu-o, então, para liderar a lista ao Parlamento Europeu em 2009. Depois da saída de Portas da liderança do CDS, em 2015, Nuno Melo ponderou avançar com uma candidatura, mas desistiu para evitar a “balcanização” do partido e por considerar que Assunção Cristas estava “em melhores condições” para esse papel. A líder eleita em 2016 (e em 2018) manteve-o como vice-presidente.

Curiosidade: Nuno Melo tem uma paixão por automóveis antigos, compra-os velhos e gosta de ele próprio fazer o trabalho de recuperação.

Quanto vale: Mais de 298 mil eleitores votaram em Nuno Melo em 2009, permitindo ao CDS eleger dois eurodeputados. Em 2014, com as listas conjuntas, não é possível ter dados isolados sobre o candidato democrata-cristão. S.R.

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João Ferreira

CDU: João Ferreira, 40 anos, biólogo e eurodeputado

Começou por ser o número dois da candidatura encabeçada por Ilda Figueiredo, em 2009, mas nas eleições seguintes, em 2014, ocupou já o primeiro lugar na lista da coligação do PCP com o PEV e a ID. Nessa altura, conseguiu fazer crescer a representação comunista de dois para três deputados, com a entrada de Miguel Viegas. João Manuel Peixoto Ferreira licenciou-se em Biologia e doutorou-se em Ecologia na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Foi bolseiro de investigação no Instituto de Medicina Tropical e no Jardim Botânico e trabalhou no sector das águas de Setúbal e assumiu o lugar de primeiro presidente da Associação de Bolseiros de Investigação Científica. Integra o comité central do PCP desde 2012 e desde o ano seguinte é vereador da Câmara de Lisboa sem pelouro atribuído – em 2013 conseguiu que a CDU passasse de um para dois eleitos na capital.

Curiosidade: O seu perfil encaixa na recente tentativa de rejuvenescimento da imagem do PCP e é apontado como um dos possíveis sucessores de Jerónimo de Sousa em 2020 - embora João Ferreira, que chegou à JCP depois de procurar o contacto na lista telefónica, diga que esse cenário não está em cima da mesa.

Quanto vale: Nas últimas eleições, a coligação registou 416.446 votos, o que representou uma quota de 12,68% (uma subida de 2,02 pontos) e uma subida para o pódio como terceira força política mais representada. Saber se mantém esse estatuto, nomeadamente os três lugares no PE, será um dos aspectos em foco no escrutínio dos votos de 26 de Maio. M.L.

 

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Marisa Matias

Bloco de Esquerda: Marisa Matias, 42 anos, socióloga e eurodeputada

Desde 2009 que Marisa Isabel dos Santos Matias tem um lugar no Parlamento Europeu, voltando a repetir a candidatura este ano. Nascida em Coimbra, a eurodeputada desenvolveu a sua carreira académica na área da Sociologia antes de enveredar pela política. Em 2005, foi pela primeira vez candidata a umas eleições autárquicas, tendo concorrido à Câmara Municipal de Coimbra. Envolveu-se na campanha pela despenalização do aborto e no movimento contra a co-incineração em Souselas. Em Bruxelas, começou por interessar-se por matérias relacionadas com saúde, investigação e inovação e alterações climáticas, mas entretanto enveredou pela economia, pelos assuntos monetários e pela energia.

Curiosidade: No ano de 2011, a bloquista foi eleita pelos seus pares “Deputada do Ano” na área da saúde (uma estreia no grupo parlamentar da Esquerda Unitária)

Quanto vale: Em 2014, nas últimas eleições, 149.628 portugueses votaram no Bloco de Esquerda, o que resultou numa percentagem de 4,56. Marisa Matias foi a única deputada eleita. Dois anos depois, a sua marca subiu 10,12% (quase 470 mil votos), nas presidenciais, ocupando o terceiro lugar nas preferências dos eleitores. Foi a mulher mais votada de sempre na corrida a Belém. S. S.

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Marinho e Pinto

PDR: Marinho e Pinto, 68 anos, advogado, jornalista e eurodeputado

António Marinho e Pinto já era uma figura conhecida antes de se candidatar a eurodeputado em 2014. Se há coisa que este homem, nascido em Amarante, parece gostar é de uma boa polémica. Ao longo da sua vida envolveu-se em várias, quer como activista estudantil contra a ditadura, antes de 1974, quer como jornalista e causídico. O ex-bastonário dos Advogados entrou para a vida política concorrendo a uma cadeira no Parlamento Europeu (PE) pelas listas Movimento do Partido da Terra (MPT), com o qual se incompatibilizou no primeiro ano em Estrasburgo. Fundou então o Partido Democrático Republicano (PDR), que o sustenta na eleição deste ano. Já disse que não queria concorrer, mas aceitou avançar como cabeça de lista do PDR por pressão do partido. É o único português com assento na bancada do grupo da Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa.

Curiosidade: Anunciou a sua candidatura ao PE com críticas variadas ao… PE, nomeadamente aos “altos salários pagos aos parlamentares” pelo “pouco trabalho” que têm. Já o tinha dito em outras ocasiões, mas não é conhecido que dê outro destino ao que recebe que não seja a sua conta bancária. “O dinheiro que me dão não o deito fora”, afirmou recentemente.

Quanto vale: Em 2014, nas europeias, Marinho e Pinto contribuiu de forma significativa para o surpreendente resultado do MPT: quarta-força política nacional com 234.603 votos (7,14%) e a eleição de dois deputados. Em 2015, já com o novo partido, o eurodeputado concorreu às legislativas, com uma lista por Coimbra, obtendo 60.998 votos (1,3% a nível nacional), mas não conseguiu eleger deputados. L. A.

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Francisco Guerreiro

PAN: Francisco Guerreiro, 34 anos, assessor parlamentar 

Nascido em Santiago do Cacém, Jorge Francisco Alves Vicente de Sousa Guerreiro é licenciado em Comunicação Social pela Escola Superior de Educação de Coimbra. Foi analista de estudos de mercado e trabalhou para a Comissão Europeia. É actualmente assessor parlamentar do deputado único do PAN, André Silva, acompanhando a comissão de Ambiente. Integra a Comissão Política Nacional do PAN desde 2013 e coordena a comunicação do partido desde 2014. Em 2013 foi candidato à presidência da Câmara de Coimbra (teve 925 votos), no ano seguinte integrou a lista do PAN e nas autárquicas de 2017 concorreu à Câmara de Cascais, ficando em quinto lugar com 3529 votos (4,56%) e elegeu duas deputadas para a Assembleia Municipal.

Curiosidade: Vive em Cascais, com a mulher e uma filha (outra nascerá em Março), um casal de gatos e uma coelha de produção pecuária. Um dos seus hobbies principais é o plogging – recolher lixo ao mesmo tempo que se faz exercício.

Quanto vale: O PAN candidatou-se às europeias pela primeira vez em 2014, conseguindo ficar em sétimo lugar, com 56.363 votos, o correspondente a 1,72%. Francisco era o terceiro da lista. M.L.

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Paulo Sande

Aliança: Paulo Sande, 61 anos, jurista e professor universitário 

Nascido em Macau, Paulo Sande era, até sexta-feira passada, consultor político do Presidente da República, funções que suspendeu na véspera do congresso da Aliança, em que foi formalmente apresentado como cabeça de lista às eleições europeias, como independente. A integração europeia é a sua “causa de vida”. Depois da licenciatura em Direito na Universidade de Lisboa, fez uma pós-graduação em Direito Comunitário na Universidade Católica, onde concluiu o mestrado e hoje é professor convidado da disciplina de Construção Europeia no curso de Ciência Política. Foi director do Gabinete do Parlamento Europeu em Portugal, responsável pelo sector português da Informação do Parlamento Europeu no Luxemburgo, membro do Conselho Superior do Movimento Europeu e consultor da SEDES, onde coordenou grupos de trabalho para a reforma do sistema político e para a União Europeia. É autor de várias obras, como O Sistema Político da União Europeia (2000/Principia - Prémio Jacques Delors 2000).

Curiosidade: É autor de um livro de poemas e três romances sobre o império português e está a fazer o doutoramento na área de Ciência Política em torno dos conceitos de identidade portuguesa, Nação, Estado e questões supranacionais.

Quanto vale: Em termos eleitorais, vai testar-se como candidato nas europeias, as primeiras eleições a que também concorre a Aliança. L.B.

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