CDU desafia Câmara do Porto a assumir reabilitação do Matadouro

Depois da reprovação do Tribunal de Contas, comunistas propõem que Rui Moreira recorra a fundos comunitários e, se necessário, a um empréstimo para avançar com obra em Campanhã. Pelas contas da CDU, autarquia não sairia a perder

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Antigo Matadouro Industrial está abandonado há vinte anos Martin Henrik

A antecipar a repetição de uma história que a CDU diz já ter visto demasiadas vezes, Ilda Figueiredo defendeu esta terça-feira que a Câmara do Porto deve assumir a reabilitação do Matadouro e evitar que se prologue ainda mais o “esquecimento” a que aquela zona de Campanhã tem sido votada. A obra, defendeu a vereadora, “só não avança se o presidente da câmara não quiser”. A proposta dos comunistas é que a autarquia “chame a si” a gestão dos trabalhos, tentando com o Governo a obtenção de fundos comunitários, justificados com a “valia social e de desenvolvimento” do projecto, e, “se necessário”, recorrendo a um empréstimo.

Segundo as contas da CDU, esta opção não sairia mais cara ao executivo de Rui Moreira: “O global das contribuições que a câmara iria pagar à Mota-Engil é da ordem dos 20 e tal milhões de euros”, disse Ilda Figueiredo, propondo que a autarquia “pague encargos” que, no projecto inicial, reprovado pelo Tribunal de Contas por "ilegalidades", seriam entregues à empresa de construção.

“Não se pode dizer que não há um plano b para avançar com a reabilitação do ex-Matadouro”, sublinhou, fazendo referência ao comentário de Rui Moreira, que na última reunião de câmara assumiu não ter outra ideia para o matadouro que não recorrer desta decisão e apresentou uma moção, que mereceu a abstenção de toda a oposição. “Não se deve perder mais tempo”, apelou.

A urgência do projecto para a população local é grande, comentou Ilda Figueiredo, que no passado sábado andou por aquela zona de Campanhã a falar com moradores. “As pessoas acham que têm sido esquecidas e vêem neste projecto uma forma de se tornarem mais presentes na vida da zona.” Criação de emprego e melhoria nas acessibilidades, nomeadamente com a ligação que se fará entre o espaço do Matadouro e o metro junto ao estádio do Dragão, foram apontadas como fundamentais pelos portuenses.

Ilda Figueiredo preferiu não esmiuçar o acórdão de 129 páginas do Tribunal de Contas, argumentando não ter formação técnica para isso, mas repetiu que a CDU não acompanha as críticas de Rui Moreira à entidade judicial: “Cabe ao Tribunal de Contas apreciar a aplicação da legislação e foi o que eles fizeram.” No futuro, pediu, referindo-se às várias questões sobre o projecto que o tribunal foi colocando à câmara, seria importante o executivo municipal ter acesso ao processo. E também deixar nas mãos da câmara, e não de empresas municipais, “projectos desta envergadura”. É que “a multiplicação” dessas empresas, criticou, “está a dar alguns maus resultados”.

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