O tabaco está de regresso à Fórmula 1

McLaren assinou contrato de patrocínio com a British American Tobacco, aceitando patrocinar “produtos de risco reduzido” da tabaqueira. Ferrari está a ser investigada na Austrália, por suspeitas de publicidade subliminar à Marlboro.

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Michael Schumacher e Eddie Irvine celebram Grande Prémio da Malásia, em 1999 OLIVER MULTHAUP

Durante décadas, a Fórmula 1 foi sinónimo de tabaco. As empresas do sector exploravam o potencial publicitário das equipas injectando, em média, 310 milhões de euros por ano na modalidade. Em 2006, todos os patrocínios das tabaqueiras foram banidos mas, aos poucos, os grupos do tabaco estão a voltar a um desporto que, em tempos, já controlaram.

Na segunda-feira, a McLaren anunciou uma parceria de patrocínio com a British American Tobacco (BAT), uma das maiores empresas do sector. A equipa britânica garantiu, em comunicado, que o acordo se focará em “produtos de risco reduzido”, tais como os cigarros electrónicos e de tabaco aquecido, que a marca comercializa. De acordo com a McLaren, a relação entre ambas as empresas terá como grande pilar o desenvolvimento da “tecnologia e inovação” e respeitará as directrizes que restringem a publicidade a certo tipo de produtos, tais como o álcool e o tabaco.

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Tabaqueiras investiam, em média, 300 milhões de euros por ano na Fórmula 1 MAX ROSSI / REUTERS

A história da British American Tobacco com o desporto de quatro rodas tem mais de duas décadas. Em 1997, o grupo adquiriu a Tyrell, equipa de Fórmula 1, e conseguiu um segundo lugar no Mundial de Construtores, com Jenson Button ao volante. Em 2006 — devido à impossibilidade de continuar a acolher as verbas do sector —, a Tyrell foi vendida à Honda.

Em 2019, a BAT estará de regresso aos circuitos nos carros da McLaren, que serão apresentados na próxima quinta-feira. Carlos Sainz e Lando Norris serão os pilotos da equipa para a próxima temporada, que terá início na Austrália, a 17 de Março.

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Marlboro patrocinou Ferrari até 2011 JACK DABAGHIAN / REUTERS

Ferrari investigada por suspeitas de publicidade subliminar

O regresso da BAT à Fórmula 1 não é o primeiro caso de uma tabaqueira que se relaciona com uma equipa depois da directiva de 2006. A Ferrari, escuderia italiana, é patrocinada pelo grupo Philip Morris, que produz e distribui a marca Marlboro, uma das mais conhecidas — e consumidas — globalmente.

A partir do Grande Prémio do Japão da época transacta, o logótipo da Mission Winnow — iniciativa promovida pelo grupo Philip Morris International — figurou nos carros da Ferrari. A alegada parecença com o símbolo da Marlboro levou as autoridades australianas a lançar uma investigação que pretende apurar se o uso do símbolo da Mission Winnow não é uma forma indirecta de publicitar os cigarros da Philip Morris, visto que a iniciativa da tabaqueira não representa qualquer produto específico.

Durante décadas, a cor vermelha e branca do carro da equipa italiana foi a tela perfeita para a tabaqueira divulgar os seus produtos. Também os uniformes dos pilotos serviam como forma de a Philip Morris publicitar a Marlboro, uma prática comum às restantes equipas, como a Camel na Lotus, ou a Mild Seven na Renault.

Também é importante referir que a modalidade sofreu financeiramente quando deixou de poder obter financiamento das tabaqueiras: três equipas foram obrigadas a desistir da competição, com perdas na ordem dos 200 milhões de euros. Entretanto, os grupos tecnológicos substituíram os grupos do tabaco, financiando e testando as inovações tecnológicas nas equipas do pelotão.

Esta temporada, dez escuderias lutarão pelo título mundial de Fórmula 1. A Mercedes pretende conquistar o sexto título consecutivo, depois das vitórias de Lewis Hamilton, piloto britânico, em 2014, 2015, 2017 e 2018, com Rosberg a também ter ganho um Mundial em 2016.

Notícia corrigida às 13h52, rectificando o número de títulos mundiais de Fórmula 1 da Mercedes.

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