A porta de saída

A Inglaterra queixa-se que a União Europeia e a Irlanda estão a ser difíceis. Mas não estão. Estão apenas a ser lógicas.

Há uma fronteira entre a República da Irlanda e a província ultramarina do Reino Unido que se chama Irlanda do Norte. A ilha chama-se Irlanda mas está artificialmente dividida em dois.

Quando o Reino Unido deixar de pertencer à União Europeia é lógico que a Irlanda do Norte deixe de pertencer à União Europeia. Sendo assim a União Europeia acabará onde acaba a República da Irlanda e começa o Reino Unido: na fronteira com a Irlanda do Norte.

Uma solução seria isentar a Irlanda do Norte do “Brexit”: continuaria na União Europeia para todos os efeitos fronteiriços. Assim toda a ilha da Irlanda pertenceria à União Europeia.

Se a Irlanda do Norte ficar fora da União Europeia então é necessário reactivar uma fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte. Esta fronteira não é como a fronteira entre Portugal e Espanha em que ambos os países são membros da União Europeia. É como a fronteira entre a Finlândia e a Rússia em que só o primeiro país é da União Europeia. Tem de ser obrigatoriamente uma fronteira que divide, que separa, que afasta.

Tanto a República da Irlanda como a União Europeia precisam por definição de fronteiras com os países que não são da União Europeia. Não é uma questão de vontade política. É uma questão de definição.

A Inglaterra queixa-se que a União Europeia e a Irlanda estão a ser difíceis. Mas não estão. Estão apenas a ser lógicas. Que sentido faz um mercado comum em que as pessoas e coisas circulam livremente que não tenha fronteiras com os países que não fazem parte dele? Nenhum.

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