Venezuela passa pagamento do petróleo que exporta para banco estatal russo

É a resposta de Nicolás Maduro às sanções dos EUA que visam vedar-lhe o acesso aos lucros da exportação.

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Reuters

A companhia petrolífera estatal da Vanezuela, a PDVSA, pediu aos seus clientes para depositarem os pagamentos numa conta aberta recentemente no banco estatal russo Gazprombank, segundo as fontes da Reuters e um documento interno a que a esta agência de notícias teve acesso. 

A decisão da PDVSA surge depois das novas e duras sanções de 28 de Janeiro dos Estados Unidos à Venezuela, com o objectivo de bloquear o acesso do Governo do Presidente Nicolás Maduro às receitas do petróleo.

Os apoiantes do líder da oposição venezuelana, que dirige a insurreição contra Maduro e se auto-proclamou Presidente interino, Juan Guaidó, anunciaram nas últimas semanas que vai ser criado um fundo para canalizar as receitas da venda do petróleo do país. Guaidó foi reconhecido como chefe de Estado pelos EUA e por mais de uma dezena de países, entre eles vários da União Europeia (Portugal está incluído neste grupo). Maduro diz que Guaidó é um "fantoche" de Washington que está a orquestrar um golpe na Venezuela.

A PDVSA começou também a pressionar os seus parceiros internacionais que têm participações em joint ventures na área estratégica de produção de Orinoco Belt - onde estão as maiores reservas do mundo - para esclarecerem publicamente se continuam nos projectos, segundo disseram duas fontes familiarizadas com as conversações.

Entre estes parceiros estão a norueguesa Equinor, a multinacional com sede nos EUA Chevron e a francesa Total SA .

"Vimos por este meio informar oficialmente sobre as novas instruções bancárias para serem efectuados os pagamentos em dólares americanos ou em euros", escreveu o vice-director financeiro da Petróleos da Venezuela, Fernando De Quintal, numa carta datada de 8 de Fevereiro enviada à divisão que supervisiona as vendas com os parceiros.

Depois das sanções financeiras de 2017, a PDVSA e parceiros conseguiram manter contas bancárias nos Estados Unidos e na Europa para que os pagamentos da venda de petróleo fossem efectuados. Também usaram filiais nos EUA e na Europa para enviar dinheiro para as contas da PDVSA na China.

Há algumas semanas, a PDVSA deu novas instruções de pagamento e começou a movimentar as contas das suas joint ventures, que podem exportar crude separadamente. A decisão criou um clima de tensão com alguns parceiros, que retiraram funcionários de Caracas desde que os EUA impuseram mais sanções, em Janeiro.

As sanções deram às empresas a operar na Venezuela, entre elas a Chevron e os serviços petrolíferos da Halliburton, da General Electric e da Schlumberger, uma data para encerrarem todas as suas operações neste país sul-americano.

A União Europeia encorajou os Estados-membros a reconhecer temporariamente Juan Guaidó até que sejam realizadas novas eleições na Venezuela. Bruxelas disse que pode aplicar sanções financeiras para impedir Maduro de ter acesso às receitas do petróleo com origem na Europa.

Maduro lida com o colapso económico deste país rico em petróleo e membro da OPEC, e que deixou muitos venezuelanos desnutridos e com dificuldade para ter acesso a medicamentos. A situação provocou o êxodo de cerca de três milhões de venezuelanos. 

As sanções destinadas a privar Maduro as receitas do petróleo deixaram uma armada de petroleiros com os tanques cheios ao largo e sem poderem descarregar a sua carga pelos clientes da PDVSA devido a problemas com pagamentos. Este engarrafamento causou problemas à PDVSA que não pode continuar a produzir e a refinar petróleo sem os diluentes e outros componentes que importa.

A Petróleo da Venezuela também ordenou à Petrocedeno, a sua joint venture com a Equinor e a Total, para parar a produção de petróleo extrapesado e melhorado devido à falta de nafta necessária para haver produção em quantidade exportável, uma vez que as sanções americanas proíbem os fornecedores do país de exportarem para a Venezuela.

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