Biodiversidade

A erva-das-pampas até pode ser “bonita”, mas não devia estar por todo lado

©Renato Cruz Santos
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Renato Cruz Santos já se tinha apercebido da existência da erva-das-pampas em “sítios abandonados”, mas foi quando uma amiga lituana, de passagem pelo Porto, se mostrou maravilhada com estas plumas, que o fotógrafo lhes começou a prestar mais atenção. Na mesma altura, “há dois ou três anos”, em conversa com a mãe, descobriu que “há 40 anos, aquelas plantas eram usadas como ornamentos, dentro de vasos”. “Sim, são bonitas, mas também não exageremos”, respondia Renato, na altura habituado a ver a erva selvagem de forma pontual, “não assim, omnipresente como hoje”.

Foi em Aveiro, enquanto procurava flamingos com amigos, que se apercebeu de “uma imensidão de pampas”. De volta às Caxinas, de onde é natural, decidiu fotografá-las, para mostrar que “a paisagem litoral se está a transformar em prédios e pampas”. E o fotógrafo de 27 anos tem consciência do quão invasora esta planta selvagem é: liberta milhões de sementes que são facilmente dispersas pelo vento, o que significa que, em pouco tempo, “sem se dar por nada, um campo inteiro fica ocupado por ela”, atira Renato. A Reserva Ornitológica do Mindelo também já não escapa a estas invasoras: “A reserva é um sítio muito querido para mim, fui lá procurar e já há algumas pampas na zona junto à areia. E tenho receio que elas comecem a crescer pelo meio dos trilhos”, afirma. "Não sei como isto vai estar daqui a uns anos, mas parece ser uma espécie ameaçadora para as outras plantas. Dois anos não é nada para a natureza", remata.

A erva-das-pampas existe, principalmente, no litoral Centro e Norte, com mais incidência à volta do Porto. Já existe uma acção europeia, à qual Portugal pertence, para controlar a propagação da espécie, o LIFE + Stop Cortaderia e há também uma plataforma, a Invasoras, que sinaliza as espécies e explica como controlar a sua propagação: quem as tem no jardim, por exemplo, deve removê-las (com cuidado, porque as folhas cortam) e, depois, deixá-las a decompor — enterrando-as ou colocando em sacos — ou queimá-las. Para evitar que a paisagem litoral se torne numa "pintura monótona", nas palavras de Renato.

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