Os popós novos

As tecnologias podem ser novas mas os seres humanos são muito antigos. A vaidade de ter popó e a vaidade de conduzir vão levar muitas décadas para desaparecer.

Enquanto em Portugal ainda se discutia quando é que ia morrer o Diesel a Toyota investia 500 milhões de dólares na Uber. Os carros sem condutor estão mais próximos do que se pensa.

A Uber tem problemas com os condutores? Há alguma pêra mais doce do que eliminá-los? As viagens de Uber passariam a ser muito mais baratas. As pessoas nas cidades passariam a comprar muito menos carros e a usar carros partilhados que se movem mais e ocupam menos espaço de estacionamento.

Em princípio isto é bom para a poluição e para as cidades. No Spectator desta semana Ross Clark assemelha a batalha entre automóveis eléctricos e automóveis movidos a hidrogénio à batalha entre as videocassetes VHS e Beta. Lembra que ganhou o VHS mas pouco depois veio o CD acabar com o VHS.

Resta um pesadelo que, conhecendo os condutores portugueses, é perfeitamente possível. Se andarmos todos por Lisboa em carros sem condutor o que faremos nós para não ter de estacionar enquanto fazemos uma paragem? 

Enquanto vamos fazer um recado qualquer o mais fácil é deixar o carro vazio a dar voltas, devagar. Imagine-se que várias pessoas fazem a mesma brincadeira. Criar-se-ia o engarrafamento mais sinistro de sempre: só com carros vazios. Tudo parado.

Que faria um condutor se ficasse parado por causa de dezenas de carros vazios? Teria de uivar. Menos do que isso não se justificaria.

As tecnologias podem ser novas mas os seres humanos são muito antigos. A vaidade de ter popó e a vaidade de conduzir vão levar muitas décadas para desaparecer.

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