Nem as más notícias abanam o Google. Facturação subiu 23%

Alphabet, a empresa que detém o gigante da Internet, facturou 138 mil milhões de dólares em 2018, apesar de uma sucessão de notícias negativas.

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Reuters/Toby Melville

Não há preocupações de privacidade, sanções regulatórias ou má imprensa que abale o negócio das grandes empresas de tecnologia. Depois de o Facebook ter apresentado melhores resultados financeiros após um ano muito conturbado, foi a vez de o Google comunicar um grande aumento dos lucros.

A Alphabet – o grupo que agrega as várias empresas que antes estavam sob a alçada do Google, o que inclui os serviços online com a marca Google, o sistema operativo Android e a Deep Mind, uma empresa de inteligência artificial – facturou em 2018 perto de 138 mil milhões de dólares (121 mil milhões de euros). O valor é uma subida de 23% face ao ano anterior, conseguida em grande parte graças a um aumento do número de cliques nos anúncios da empresa, que foi capaz de compensar a queda do preço da publicidade.

O lucro foi de 30,7 mil milhões, mais 143% do que em 2017, ano em que as contas da empresa tinham sido penalizadas por custos fiscais de repatriamento de capital. Já as despesas aumentaram em todas as áreas (da investigação às vendas e aos custos administrativos) e as multas pagas à Comissão Europeia ultrapassaram os cinco mil milhões de dólares. Depois de uma multa em 2017, o Google voltou no ano passado a ser sancionado na União Europeia por práticas anticoncorrenciais, tendo decidido recorrer da decisão

Na conferência de apresentação de resultados, nesta segunda-feira à noite, o presidente executivo do Google, Sundar Pichai, afirmou que o aumento da despesa em equipamento e infraestruturas é “um investimento importante a longo prazo” para a empresa continuar a desenvolver tecnologias como sistemas de inteligência artificial.

A Alphabet chegou ao fim do ano com quase 99 mil funcionários, muito acima dos 80 mil que tinha no final de 2017.

Negócios à parte, o ano de 2018 foi complicado para muitas empresas de tecnologia, cujas práticas foram questionadas em várias frentes. Embora tenha sido sobretudo o Facebook a estar na berlinda, o Google também teve a sua dose de críticas e de notícias negativas.

Em Dezembro, Sundar Pichai esteve no Congresso americano, onde foi questionado sobre questões de privacidade e de enviesamento dos resultados, sequência de Donald Trump ter afirmado que o motor de busca privilegiava notícias de esquerda.

A empresa também foi criticada – incluindo internamente – quando surgiram notícias de que tinha planos para fazer regressar o motor de busca à China, o que implicaria pactuar com a censura do regime de Pequim (a empresa negou que esse plano esteja em cima da mesa).

Por outro lado, falhas de segurança na rede social Google+ acabaram por ser a gota de água a levar à decisão de encerrar a plataforma, que foi uma tentativa falhada do Google de competir com o Facebook.

As repercussões do fenómeno #MeToo, que tem dado mais visibilidade a casos de assédio e abuso sexual, também se fizeram sentir. A administração da Alphabet foi processada por um accionista, que afirma que a empresa encobriu e pagou indemnizações milionárias a gestores afastados por má conduta. Entre os casos listados na queixa está o do criador do sistema Android. Andy Rubin recebeu uma indemnização de 90 milhões de dólares e uma saída apresentada como amigável, quando na verdade terá sido forçado a abandonar o cargo após ter coagido uma funcionária a envolver-se sexualmente com ele.

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