Almeida Henriques lança petição em defesa da acessibilidade digital

Autarca e dirigente da ANMP apela ao governo para assegurar que a cobertura de internet chega a todo o país, garantindo uma efectiva coesão territorial.

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daniel rocha

Quando parte do país já fala da chegada do 5G, há aldeias e vilas portuguesas que continuam “sem cobertura de rede de fibra óptica ou de GSM”. Representam “mais de um terço do território nacional”, segundo aponta Almeida Henriques, presidente da câmara de Viseu, que decidiu avançar com uma petição nacional para pedir ao governo que garanta uma acessibilidade digital para todos. “Este serviço tem de ser universal. Da mesma maneira que temos electricidade em todo o país, temos de começar a ter acessibilidade digital”, defendeu o também vice-presidente da ANMP (Associação Nacional de Municípios Portugueses) na abertura da segunda sessão da “Smart Cities Tour 2019”.

Tanto ou mais importante do que “a água, o saneamento e as estradas” para garantir a coesão territorial, a acessibilidade digital não pode continuar, no entender de Almeida Henriques, nas “mãos do operador”. “Esta petição visa exigir ao governo que lance um programa nacional de cobertura a 100%, alocando fundos comunitários a este projecto e envolvendo as operadoras”, sustentou Almeida Henriques. “Em vez de se continuar este percurso do país rico, que foi criando tantas redes quantos os operadores”, a sugestão passa por “criar uma só rede através de fibra óptica, uma só rede já com 5G, para cobrir o território que falta cobrir”, acrescentou o promotor da petição.

O documento irá agora recolher o maior número de apoiantes possível, autarcas e cidadãos, por forma a “colocar o assunto na agenda política” do país. Por ora, Almeida Henriques já conta com o apoio de Ribau Esteves, presidente do município que nesta terça-feira acolheu os trabalhos da “Smart Cities Tour 2019” – iniciativa da ANMP, secção de Cidades Inteligentes, que irá ainda passar por Lisboa, Vila Real, Setúbal, Ponta Delgada e Funchal. A “tour” terminará, depois, com uma “cimeira dos autarcas”, a realizar no evento “Portugal Smart Cities Summit”, de 21 a 23 de Maio, na FIL – Feira Internacional de Lisboa.

Para a sessão de Aveiro foi escolhido o tema da mobilidade suave, numa altura em que as estatísticas continuam a fazer eco da primazia do transporte individual (automóvel privado) e apontando para uma taxa de deslocações em bicicleta que “é uma vergonha” a nível europeu. “Só 0,5% dos portugueses usam a bicicleta para as suas deslocações diárias, muito longe dos 8% a nível europeu”, evidenciou José Carlos Mota, investigador da Universidade de Aveiro que interveio na sessão para apresentar o projecto UAUBIKE. O programa colocará à disposição da comunidade académica aveirense 142 bicicletas convencionais e 97 eléctricas.

O grande desafio passa, segundo evidenciou Paula Teles, da empresa MPT, por “desenhar cada vez mais as cidades para as pessoas”, com a certeza de que este “já não é o tempo dos túneis” mas sim “o tempo das mobilidades pedonais”. “Primeiro o peão, depois a bicicleta e só depois o automóvel”, defendeu a especialista, que fez ainda questão de alertar para a necessidade de se apostar nas acções de sensibilização e informação junto da população.

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