Bloquistas ouviram os habitantes no sítio onde a terra ainda arde

A Empresa de Desenvolvimento Mineiro prevê que a intervenção para resolver o problema, que a freguesia de Pedorido viu agravado desde os incêndios, esteja concluída em Abril.

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Habitantes queixam-se que na rua "é só gotas de carvão" Adriano Miranda
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A coluna de fumo é permanente Adriano Miranda
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Há terra com carvão a arder numa das escombreiras das minas do Pejão Adriano Miranda

Lá em cima, vê-se a coluna de fumo. Alguns habitantes do lugar da Póvoa, freguesia de Pedorido, Castelo de Paiva, começam a subir os terrenos onde, há mais de um ano, desde os incêndios de Outubro de 2017, há terra com carvão a arder numa das escombreiras das minas do Pejão. Aos deputados do BE, os moradores queixam-se do fumo que se entranha em tudo e das cinzas espalhadas. Não conseguem pôr roupa a estender, os animais que têm nas casas, as hortaliças, os carros, tudo fica “negro”.

Apesar de outros focos já estarem resolvidos, neste momento o problema mantém-se ainda num local, onde as máquinas, que chegaram ali em Fevereiro de 2018, continuam a revolver a terra negra para pô-la de lado e apagá-la. É tudo feito com dinheiros públicos e a Empresa de Desenvolvimento Mineiro S.A. garante a qualidade do ar é monitorizada e que se cumprem os limites estabelecidos pela lei para não prejudicar a saúde e o ambiente – quando tal acontece, as operações param. Mas os habitantes não estão convencidos. A data prevista para que tudo esteja resolvido é Abril.

A visita ao local fazia parte da agenda do primeiro dia das jornadas parlamentares do partido, dedicadas ao investimento público para enfrentar as alterações climáticas. Lá em cima, a coordenadora do BE, Catarina Martins, lamentou que estas informações sobre o ar não estejam a ser passadas à população de forma conveniente e que não tenham sido acauteladas, por esse país fora, as necessárias condições em diversas escombreiras, onde se acumulam aqueles resíduos. Mais: Catarina Martins também vê nesta situação uma forma diferente de tratar o interior, considerando que um cenário idêntico, numa zona de grande pressão urbanística de Lisboa, teria merecido um tratamento diferente. "O facto de ser uma pequena povoação no interior faz com que tenha havido uma certa negligência", disse a deputada, defendendo que aqueles moradores merecem outro tratamento.

“Esta foi uma das zonas afectadas pelo enorme incêndio de Outubro de 2017 que foi uma tragédia terrível em tantos sítios do país. E aqui o incêndio acabou por apanhar uma escombreira de uma mina de carvão e a terra está a arder desde essa altura. Isto está assim a arder há mais de um ano. O BE já cá esteve antes, já fizemos uma intervenção sobre isto para garantir que todos os meios necessários eram colocados aqui no terreno - sabemos que a situação é complexa, que não se resolve do dia para noite. É verdade que houve entretanto algum reforço de meios e isso é importante. Hoje, os responsáveis dizem-nos que têm os meios suficientes. O problema é que são intervenções muito complexas”, reconhece Catarina Martins.

Marília Fernandes, de 72 anos, está cansada da situação: “Isto já passa de um ano. É o pó que se vê no ar. Quem sofre dos pulmões não pode vir cá fora, todos em casa metidos, ficam aflitos de respirar isto. Todos os animais ficam negros. Isto é uma tristeza. Tenho cães, galinhas, coelhos. Não se pode ir ao quintal apanhar uma hortaliça, apanhar nada, que é só gotas de carvão.”

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