Sporting-Benfica: um duelo de revoluções em andamento

O primeiro foi em Agosto passado, o terceiro será na quarta-feira. Neste domingo, em Alvalade, cumpre-se o segundo de quatro confrontos da temporada entre “leões” e “águias”.

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LUSA/ANTONIO COTRIM

Quando se defrontaram a 25 de Agosto do ano passado, Benfica e Sporting eram “animais” bem diferentes do que são agora. Lembram-se de Rui Vitória? Está na Arábia Saudita. E de José Peseiro? Foi visto pela última vez nos Emirados Árabes Unidos, a assistir ao vivo a jogos da Taça da Ásia. E Sousa Cintra? Voltou para os seus negócios. Facundo Ferreyra? Emprestado ao Espanyol, para formar dupla de ataque com o melhor chinês da actualidade. Hoje, mais de cinco meses depois desse duelo que deu empate (1-1), os dois rivais de Lisboa voltam a defrontar-se em Alvalade, na 20.ª jornada do campeonato, numa altura em que ambos os lados estão em processo de revolução, dois projectos a pensar no futuro. Mas que também têm de funcionar no presente.

Claro que as revoluções são diferentes nos dois lados da Segunda Circular. No Benfica, mudou-se apenas de treinador, com o fim de ciclo para Rui Vitória e a promoção de Bruno Lage, mas o antigo técnico da equipa B fez algumas mudanças estruturais que devolveram o futebol e os golos às “águias”. Mudou o sistema, fez alterações no “onze” titular e o Benfica voltou a ser uma equipa que joga bem e marca golos, em vez de ser aquela equipa das vitórias sofridas e das exibições cristalizadas na mediocridade. Tem corrido bem no campeonato e só a derrota na “final four” da Taça da Liga estragou um início perfeito de Lage.

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Seferovic afirmou-se como um goleador inesperado na ausência de Jonas (que fica de fora do derby), João Félix assumiu-se como o novo “golden boy” da Luz e houve um emagrecimento do plantel com um reconhecimento implícito de que o recrutamento de Verão não correu bem — Castillo, Ferreyra e Alfa já saíram, Lema deverá ter o mesmo destino — em paralelo com a promoção de uma mão-cheia de jovens da formação — Zlobin, Ferro, Florentino e Jota são os primeiros.

Estes são alguns dos méritos de Lage, que também podem funcionar em proveito do próprio treinador. Passou de interino a médio prazo e o que resta da temporada é o tempo que tem para mostrar que o lugar pode ser (ou não) seu em 2019-20.

Mais profunda tem sido a revolução “leonina”. Depois da invasão a Alcochete em Maio passado, os “leões” entraram em convulsão total, que incluiu a destituição de Bruno de Carvalho, a rescisão unilateral de alguns dos melhores jogadores, uma pré-época desenhada em cima do joelho, o regresso de alguns dos “fugitivos” e eleições que conduziram Frederico Varandas à presidência. Basicamente, é uma época que já vai com três presidentes e quatro treinadores. Mesmo nestas condições, foram os “leões” a conquistar o primeiro título do ano, a Taça da Liga, numa “final four” com os quatro primeiros classificados.

O que começou com Mihajlovic e continuou com Peseiro e Tiago Fernandes está agora nas mãos de Marcel Keizer, que entrou no futebol português com sete vitórias em sete jogos e 30 golos marcados. Mas a vocação super-ofensiva dos “leões” tem abrandado nos últimos tempos, não só porque os adversários descobriram o antídoto, mas também porque este plantel se tem revelado curto para tantos jogos. E foi por isso que o Sporting foi um dos mais activos no mercado de Inverno (Ilori, Luiz Phellype, Idrissa Doumbia, Borja, Geraldes), já a pensar na próxima época, mas ainda a tentar ser feliz nesta. E muito passará por este duplo duelo com o “velho” rival e pelo terrível mês de Fevereiro, que incluiu mais um embate com o Sp. Braga e o compromisso europeu com o Villarreal.

Qual das revoluções está a correr melhor? É difícil dizer, mas são duas revoluções em que nenhum pode deixar de olhar para o presente e, tendo em conta a forma dos outros candidatos, um empate não serve a ninguém. É que há o FC Porto tranquilo no topo e o Sp. Braga a consolidar o seu estatuto entre os primeiros. Nas contas a dois, o Benfica está melhor, isolado no segundo lugar e a uma distância (cinco pontos) recuperável em relação ao líder, enquanto o Sporting não pode perder mais pontos (está a dez do FC Porto, a cinco do Benfica e a quatro do Sp. Braga), correndo o risco de ficar de fora até da luta pelos lugares mais baixos do pódio.

Fora das contas e fora das revoluções, um Sporting-Benfica é sempre um Sporting-Benfica, mais um capítulo de uma rivalidade desportiva que já dura há 111 anos. E daqui a três dias, a contar para as meias-finais da Taça de Portugal, há mais.

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